INTEGRAÇÃO

Projeto Pancpop da FURG-SLS realiza atividades com agricultores e agricultoras

Iniciativa visa estimular a oferta de Plantas Alimentícias Não Convencionais em São Lourenço do Sul

Foto: Equipe Pancpop

Dividindo a sua atuação entre as etapas de sensibilização, formação e intervenção, o projeto Pancpop é uma iniciativa de extensão universitária vinculada ao campus da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) que, desde 2018, busca popularizar o conhecimento, o uso e a produção de Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) no município e cidades vizinhas.

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Mesmo com as três etapas acontecendo simultaneamente, a equipe do projeto tem despendido esforços em ações de intervenção, consolidando a atuação do Pancpop junto aos agricultores e agricultoras da região, aos empreendimentos locais, à Feira Livre de São Lourenço do Sul e ao grupo de consumo responsável Jerivá, visando aumentar a oferta de Panc na região.

Entre as ações de intervenção recentes, a coordenadora do Pancpop e docente do Campus São Lourenço do Sul, Jaqueline Durigon, destaca a participação agricultores agroecológicos de São Lourenço do Sul no 56º Congresso Brasileiro de Olericultura; e a distribuição de mudas e sementes de Panc para famílias agricultoras, com o intuito de instituir um banco comunitário Panc.

56º Congresso Brasileiro de Olericultura

Buscando fomentar o intercâmbio de saberes entre pesquisadores e famílias agricultoras, em parceria com o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), o Pancpop articulou a ida de quatro agricultores agroecológicos de São Lourenço do Sul ao 56º Congresso Brasileiro de Olericultura, realizado em agosto em Bento Gonçalves.

Integrante da equipe organizadora, Jaqueline conta que os participantes discutiram, durante cinco dias, o cultivo de hortaliças, sendo que um dia inteiro de programação foi dedicado às hortaliças Panc. Na ocasião, foram realizadas palestras com pesquisadores da área e socialização de experiências de unidades de produção familiar e de empreendimentos gastronômicos que trabalham com as Panc no Brasil. Um desses relatos foi o da empreendedora lourenciana Vanessa Knopp, administradora do “Sushi da Lagoa”, que teve a oportunidade de compartilhar com os presentes um pouco do trabalho que desenvolve para inserção de Panc em pratos da culinária oriental. 

Também como uma das palestrantes, Jaqueline relatou como se dá o trabalho desenvolvido pela equipe Pancpop com a Feira de São Lourenço do Sul, e como essa parceria aumentou o número de espécies não convencionais disponíveis nas bancas. Sua fala foi dividida com a agricultora agroecológica lourenciana Sirlei Kruger, que contou sobre os pães com Panc que produz em sua propriedade, localizada no interior de São Lourenço, e comercializa semanalmente na feira do município.

Para Sirlei, ter a oportunidade de participar do evento foi importante para que ela e os demais dialogassem com pessoas reconhecidas no universo das Panc. “Fomos trocando ideias diferentes das Panc. Como cultivar, como produzir e como comercializar, o que é in natura e o que é processado... Foi um dia de paraíso pra mim. Foi muito gratificante”, afirma.

Já Jaqueline entende que o evento foi importante para demarcar a temática Panc e o espaço das mulheres na produção de alimentos. “Existe toda uma linha de pesquisa das Panc que é sobre hortaliças não convencionais ou hortaliças tradicionais que foram mais consumidas no passado e que acabaram caindo em desuso, e hoje elas estão sendo reintegradas às unidades de produção familiar, às propriedades. É um trabalho de popularização e de resgate do conhecimento tradicional e fortalecimento da cultura alimentar brasileira”, pontua, contando que na ocasião os agricultores puderam realizar trocas de sementes e mudas de Panc, além de adquirirem produtos com Panc que estavam sendo distribuídos e comercializados.

Banco comunitário Panc em São Lourenço do Sul

Um dos objetivos traçados no evento, segundo Jaqueline, é que em diversas regiões do estado e do país existam lugares onde pessoas cultivem e multipliquem as Panc para distribuir nas comunidades. Assim, inspirado nesses diálogos, o Pancpop tem dado os primeiros passos na construção de um banco comunitário de mudas e sementes Panc em São Lourenço do Sul.

Para dar andamento na proposta, em outubro foi realizada uma reunião no sítio Espinilho, no interior de São Lourenço do Sul. Na ocasião, cerca de 20 pessoas, entre integrantes do projeto e agricultores familiares, participaram de uma chamada de vídeo com o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Nuno Madeira, e aprenderam como realizar o preparo, o plantio e a colheita de quatro tubérculos: a mandioquinha, conhecida também batata-baroa; do cará-moela, também chamado de batata do ar; do mangarito, e do inhame-chinês.

Sirlei, que também participou da reunião, diz que as informações obtidas foram fundamentais para que ela compreendesse como se dá a produção de espécies que já havia tentado cultivar, mas sem obter êxito. “Com a aula eu espero que vá se resolver e vamos conseguir plantar também outras variedades de Panc que nós ainda não estamos acostumados”, conta.

Após o diálogo com Nuno, os presentes participaram de um momento de confraternização, onde puderam degustar de um café colonial Panc com bolos, bolachas e docinhos, todos com a inserção de espécies não convencionais nas receitas.

Já ao final da atividade foi realizada a distribuição das mudas, na qual cada família agricultora ficou responsável por cuidar e multiplicar determinadas espécies e/ou variedades das espécies. “A ideia é que cada família multiplique a espécie ou a variedade que está responsável para depois a gente fazer um novo encontro de trocas” afirma Jaqueline, destacando que a iniciativa é fundamental para manter os exemplares em São Lourenço do Sul e região.

A professora também comenta que, considerando as intensas mudanças climáticas vivenciadas nos últimos anos, com secas, chuvas e períodos intensos de umidade, muitas sementes e mudas de tubérculos foram perdidas na região. Dessa forma, o grupo teve o cuidado de distribuir os mesmos exemplares para mais de uma família. “É importante que várias famílias mantenham as variedades de espécies, porque se uma delas vier a perder essas sementes ou essas mudas, outra poderá repor e compartilhar, para que a gente não perca o cultivo dessas espécies aqui. A ideia dos próximos anos é a gente ir fazendo esse fluxo de trocas, essa grande rede de manutenção dessa sociobiodiversidade alimentícia em São Lourenço do Sul”, explica.

 

 

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Foto: Equipe Pancpop