PUBLICAÇÃO

Journal of Quaternary Science apresenta artigo com resultados sobre pesquisa geoarqueológica

Trabalho envolveu o Laboratório de Arqueologia e Pré-História Evolutiva e Experimental (Lapeex) do Instituto de Ciências Humanas e da Informação da FURG

Um artigo com resultados sobre uma pesquisa geoarqueológica que envolve o Laboratório de Arqueologia e Pré-História Evolutiva e Experimental (Lapeex) do Instituto de Ciências Humanas e da Informação (Ichi-FURG) foi publicado nesta segunda-feira,8, no Journal of Quaternary Science. Participaram da pesquisa e assinam o artigo o professor João Carlos Moreno (coordenador) e a pesquisadora Gabriela Mingatos, associada do Lapeex e do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP, entre outros.

O artigo "Ocupação antrópica precoce e mudanças geomorfológicas na América do Sul: interações homem-ambiente e dados OSL do Sítio Rincão I, sudeste do Brasil" trata dos resultados de escavação do sítio arqueológico Rincão 1, onde artefatos de pedra lascada foram identificados em camadas datadas, pelo método de Luminescencia Optimcamente Estimulada em cerca de 15 mil anos. Segundo o professor Moreno, esses dados são impactantes, pois os principais modelos de povoamento da América do Sul consideram que a ocupação inicial começou há cerca de 13 mil e poucos sítios possuem uma idade mais antiga do que essa.  A publicação na integra pode ser conferida no link abaixo.

Sumário da publicação

Este artigo visa a refinar a descrição dos artefatos e as características geomorfológicas, geológicas, pedológica e cronológica (análises de luminescência opticamente estimulada (OSL) de depósitos sedimentares) caracterização do sítio Rincão I (sudeste do Brasil) para contribuir com a compreensão dos primeiros interações homem-ambiente. A ocupação do sítio arqueológico ocorreu em encostas truncadas pelos  movimentos laterais (~1200 m) e verticais (~5 m) do rio Mogi-Guaçu durante o Quaternário tardio, em uma área onde afloramentos rochosos situ são incomuns. Este contexto geológico favoreceu grupos humanos simultaneamente acesso aos recursos fornecidos pela planície aluvial e encostas. Aqui descrevemos como cerca de trezentos artefactos líticos estão associados a solos originários de coluviões arenosos com idades OSL entre 20,3 e 5,5 mil anos. Essas idades são consistentes com os contextos paleopedológicos e geomorfológicos locais de mudanças na paisagem e, em parte, controversas sob a ótica dos modelos atualmente em voga para o ocupação do sudeste do Brasil. Os vestígios da presença humana do passado entre os depósitos de coluviões arenosos nas encostas incluem: 1) um conjunto de lascas e artefatos formais (uma ponta hasteada e três artefatos convexos) feitos de arenito obtido de encostas próximas (<10 km) do local; e 2) detritos predominantes e lascas de quartzo e sílex obtidos principalmente da planície aluvial adjacente (<1,5 km), ligada a sequências de descamação diferentes das dos artefactos formais.

Apenas artefatos de quartzo foram encontrados nos níveis mais baixos da estratigrafia do sítio, enquanto nos níveis intermediário e superior foram encontrados artefatos de quartzo, pederneira e arenito, sugerindo que houve mudanças nas matérias-primas utilizadas para descamação com o tempo. Os artefatos formais do sítio possuem atributos tecnológicos como os observados em conjuntos associados a uma indústria lítica anteriormente conhecida (Rio-Clarense), mas um padrão diferente de escolha de matérias-primas materiais. Isso sugere que as normas técnicas passaram por um processo de adequação às particularidades do sítio Rincão I. © 2023 John Wiley & Sons, Ltd.

Artigo