Cecília Meireles, Adélia Prado, Hilda Hilst, Ana Cristina Cesar, Líria Porto, Alice Ruiz, Aimée Bolaños, Daniela Delias, Ju Blasina, Lilian Ney, Paula Liaroma, Deise Porto e tantas outras poetas, canônicas ou não, de obras consolidadas ou em plena produção, jovens, maduras, cis, trans: vivas; escritoras do mundo e daqui estiveram reunidas no fim da tarde da última segunda-feira, 29, no Espaço Literário da 45ª Feira do Livro da FURG.
A atividade Mulheres poetas: sarau e roda de conversa sobre a mulher na poesia, ministrada pela poeta Ju Blasina, tocou em questões como representatividade feminina, processo criativo, referências estéticas, resistência artística, dificuldades e inspirações para a escrita poética.
A apresentação dos participantes, maioria mulheres, misturou depoimentos e leituras de poemas, começando pela ministrante, que trouxe Rupi Kaur, com “quero pedir desculpas a todas as mulheres que descrevi como bonitas”, do livro Outros jeitos de usar a boca. A obra motivou a proposta do evento.
“Eu sempre escrevi, eu sempre fui poeta, desde criança. Só que ter isso como a principal coisa da minha vida ainda está acontecendo, na verdade. Então, eu era filha e poeta escondida, depois eu era bióloga e poeta escondida, depois eu me tornei mãe e poeta, eu tenho uma barbearia e sou poeta; e poeta e outras coisas, como deveria ser – porque é isso que eu sou: eu sou poeta e faço outras coisas da vida – assim é que eu gostaria de colocar as coisas. Isso, sim, me representa”, disse Ju Blasina. Em seguida, foi a vez de outras mulheres destacarem vozes femininas da literatura.
“Queria agradecer muito a cada uma de vocês, cada mulher que vocês trouxeram também, no papel. Eu saio daqui emocionada, saio enriquecida com essa experiência, com essa troca. Era realmente o que eu pretendia para o evento, uma troca, e foi o que aconteceu”, concluiu Ju Blasina, que também participou da Conversa com o autor e da Sessão de autógrafos coletiva da noite, com a obra 8 horas por dia, lançada em 2017.
Audiovisual na Feira do Livro
A noite foi marcada por apresentações audiovisuais na Arena Cultural. As atividades iniciaram a partir das 19h, com a 2ª mostra Fresta - projeto de extensão coordenado pela professora Ana Maio e o professor Marcelo Gobatto, do curso de Artes Visuais da FURG.
A proposta da mostra é criar um espaço de produção e reflexão sobre filme e vídeo, nas diversas tendências da produção audiovisual contemporânea. Em 2017, a Fresta recebeu 70 obras enviadas por 54 artistas de 16 cidades de todo Brasil. Dois programas, cada um com dez produções no estilo experimental e narrativo, foram mostrados. O Cine Sesc apresentou o filme "A Academia das Musas" ao público presente.
Terça na feira
Nesta terça-feira, 30, são atrações da Arena Cultural o Projeto Autorretrato, a OAB dando rosto às mulheres do Rio Grande, às 20h; a Roda de Conversa Mulheres contando histórias de mulheres, às 21h; e a Roda de Conversa: Mulheres na Diversidade HeForShe, às 22h. Com atividades de hora em hora a partir das 20h, a Rua das Crianças tem em destaque a apresentação O Petit do Palhaço, com Lori Nelson – Teatro do Sol.
O Espaço Literário recebe, às 19h, a Roda de Conversa Mulheres e o parto – Relembrando o percurso de Rita Lobato, do projeto Violência Obstétrica. Às 21h começam a Conversa com o autor e a Sessão de autógrafos coletiva.
Obras e autografantes da noite
A lei e a literatura re(de)senhadas, de Max Belzareno, Tábatha Belzareno e Márcia Belzareno dos Santos
Um toque romano no Evangelho, de José Valdir P. Bernardo
Arqueologia de gênero, de Karla Maria Fredel
A garota dos livros, de Sofia Führ Molter
O que eu quis dizer, de Glecy Therezinha Freitas de Andrade
Vitrais resgatando sonhos, de Vilma Farias Guerra
Coletânea Jubileu de Pérolas, organizado por Marísia Vieira
Fotos: Daniel Correa