Grupos de Pesquisa e Coletivos da FURG divulgam carta em alusão ao Dia Internacional de Lutas contra as violências sofridas pela população LGBTT

Em 17 de maio de 1990, a Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde aprovou a retirada do código 302.0 (Homossexualismo) da Classificação Internacional de Doenças, declarando que a relação afetivo-sexual entre dois homens e duas mulheres não se constituía doença, distúrbio ou perversão. Esta data marcou uma vitória contra o modelo judaico-cristão, patriarcal, conservador e opressor, que encara lésbicas, gays, bissexuais e travestis como pecadoras/es, criminosas/os e/ou doentes. Esta luta não cessou. A transexualidade ainda é patologizada no Brasil, o que nos obriga a permanecer atentas/os ao controle médico-científico e/ou religioso sobre nossos corpos e desejos. Mesmo com nossas vitórias, sofremos cotidianamente as consequências da homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia que podem ser definidas como o medo, a aversão ou o ódio irracional contra a população LGBTT ou pessoas que não correspondem às expectativas culturais em torno dos órgãos genitais. O Dia 17 de Maio, além de relembrar que as relações afetivo-sexuais entre mulheres e homens não são doenças, pecados ou crimes, tem como características o protesto e a denúncia contra a violência a que somos acometidas/os nas universidades, nas cidades, nas escolas, nos trabalhos, nas religiões, nas famílias... violência que se traduz na ausência de políticas públicas e a fragilidade da democracia brasileira ao desconsiderar parcela significativa de sua população: lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.Esta carta aberta à comunidade universitária da FURG objetiva convocá-la para defendermos os princípios democráticos e cidadãos preconizados em nosso Plano de Desenvolvimento Institucional. Para tanto, é preciso ampliar nossas políticas a fim de atender também a população LGBTT. Apresentamos algumas propostas:  1. Criação da Coordenação de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania, vinculado ao Gabinete da Reitoria.2. Estudo e ampliação do PROAAF, incluindo o ingresso das necessidades da população travesti e transexual, a exemplo do que vem sendo feito com indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. 3. Qualificação e debate político-social, com participação dos movimentos sociais LGBTT, das/os servidoras/es sobre enfrentamento à homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia e promoção da cidadania LGBTT na Universidade. 4. Estudo, definição e ampla divulgação de política de assistência estudantil às/aos estudantes em situação de vulnerabilidade em decorrência da identidade LGBTT. 5. Campanha de enfrentamento à homofobia, lesbofobia, bifobia e transfobia na Universidade. 6. Garantia do sigilo da sorologia e da integridade físico-emocional das/os usuárias/os LGBT no hospital universitário. 8. Consolidação e divulgação da Ouvidoria da FURG. 9. Campanha de promoção de saúde sexual entre a população LGBTT da Universidade. 10. Estímulo ao debate, ensino, pesquisa e extensão sobre a saúde LGBTT, sobretudo, no campus Saúde, a partir de criação de linhas nos editais de fomento na Universidade. 11. Estímulo ao debate, ensino, pesquisa e extensão sobre o enfrentamento à violência contra a população LGBT a partir de criação de linhas nos editais de fomento na Universidade. Texto emitido pelos grupos:Nós do sul: laboratório de estudos e pesquisas sobre currículo - FURG; ALGBT: Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais Travestis e Transexuais de Rio Grande; Camaleão: Coletivo Universitário de Defesa da Diversidade Sexual e Identidade de Gênero – FURG e CRDH: Centro de Referência em Direitos Humanos da FURG.    

 

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