Acadêmico da FURG é aprovado em programa de doutoramento da Universidade de Coimbra

Estudante é o primeiro brasileiro do Programa de Licenciaturas Internacionais aceito em um curso de doutorado “A aula de Artes não deve ser apenas uma atividade recreativa.” Foi com essa convicção que o estudante Evandro José dos Santos (25) deu início aos seus estudos de graduação no curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, no ano de 2011. Natural da cidade de São José do Rio Preto (SP), o jovem também foi morador da Casa do Estudante. Por entender a necessidade de trabalhar com conteúdos mais complexos nessa área, tais como em outras disciplinas, o acadêmico ingressou no ramo da pesquisa, desde o princípio do curso, desenvolvendo atividades voluntárias junto ao Museu da Cidade, como pesquisador adjunto. “A história da Arte sempre me encantou, porque considero que essa metodologia mais teórica deve ser aplicada antes da prática, para ampliar a compreensão dos alunos em sala de aula. E, para isso, busquei envolver-me com atividades que tornassem isso possível. Paralelo ao trabalho no Museu e às aulas, passei a fazer parte já no segundo ano do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), que permitiu o acompanhamento de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental no Centro de Atenção Integral a Criança e ao Adolescente Cidade do Rio Grande – Caic “, disse Evandro. De acordo com ele, a dedicação e o empenho, aliados a novas oportunidades, deram início a uma trajetória de estudos multiculturais e interdisciplinares. Em 2012, Evandro foi aceito no Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) da FURG, embarcando no mesmo ano para Portugal, com o objetivo de passar dois anos do curso na Universidade de Coimbra (UC). Nessa modalidade, os participantes recebem, ao final de todo o período, diploma de ambas as universidades. “Foi uma experiência única e de extrema importância para a formação acadêmica. Desde a adaptação aos métodos de ensino, as rotinas de estudo com aulas teórico-expositivas, de muita carga de conteúdo, até os próprios aspectos pessoais, de estar longe da família, foram desafios constantes que me incentivaram, diariamente, a realização dos meus objetivos”, complementou. Ao final de dois anos, o acadêmico cumpriu mais de 120 créditos em 23 disciplinas.  Em retorno ao Brasil, já em agosto de 2014, Evandro precisava concluir a graduação com dois estágios de 40h cada, concomitante a realização do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Nesse momento, minha meta passou a ser o tempo, uma vez que queria concorrer nos programas de pós-graduação, em nível de mestrado, que abririam inscrições já no fim do mesmo ano. Assim, priorizei o término das atividades para o período de cinco meses”, acrescentou. Tal atitude o fez rejeitar um convite para estágio na Universidade de Harvard, por um período de um ano, nos Estados Unidos.  Entretanto, no início do mês de dezembro, a Universidade de Coimbra abriu edital de doutorado para o curso Patrimônios de Influência Portuguesa, em 1ª edição Internacional. Surgia então um novo desafio: ser aceito no processo de seleção sem a conclusão de um curso de mestrado. “Lendo o regulamento, encontrei uma normativa que garantia acesso aos acadêmicos que, mesmo sem mestrado, possuíssem trabalhos relevantes de pesquisa na área que dessem condições de participação no programa. Mesmo sabendo que era muito, mas muito difícil, enviei a documentação e o pré-projeto”. Com os compromissos acadêmicos na FURG finalizados, e após várias tratativas e entrevistas não muito animadoras com a comissão de seleção da UC, pela questão da pouca idade e o impedimento do mestrado, em 31 de dezembro veio o email de resposta. “Eu estava entre os dez doutorandos (apenas dois brasileiros). Reli várias vezes para acreditar na notícia. Foi então que percebi que tinha sido aceito, com a justificativa de que apresentava um projeto muito pertinente, que mostrava maturidade de conhecimento sobre o tema. Acredito que a experiência em Rio Grande também contou muito, pela influência da colonização portuguesa tardia, através dos movimentos migratórios que se estenderam até o início do século 20, dados que estavam presentes na proposta”, disse. Evandro, que terá formatura em gabinete na próxima terça-feira, 27, embarca em fevereiro para Portugal para dar continuidade a qualificação de seus estudos na instituição portuguesa. “É mais do que eu desejava para o início desse ano, completamente inesperado. Em conversa com colegas, chegamos a conclusão que sou o primeiro brasileiro desde o início do PLI, desde 2010, a ingressar num programa de doutoramento. Tudo aconteceu na hora certa, o que me fez acreditar que é possível, servindo como incentivo a outros estudantes”, finalizou. O Jornal da FURG publica, na edição de fevereiro de 2015, matéria completa especial, com registros pessoais de Evandro.

 

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