Seminário discute sobre equidade de gênero e diversidade sexual

Atualizada em 27/11/14, às 12h45 Temas como equidade de gênero, diversidade sexual e o combate aos preconceitos às mulheres e aos sujeitos LGBTs estão em pauta na quinta-feira (27) no Seminário Integrador do Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola (Gese):"Tecendo saberes para a promoção da Educação para a sexualidade", no Centro Integrado de Desenvolvimento do Ecossistema Costeiro e Oceânico do Extremo Sul (Cidec-Sul) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Durante a manhã, após a cerimônia de abertura, foi organizada a mesa redonda "Travestis nas Escolas", para discutir os processos de resistência e subordinação dos gêneros e das sexualidades no âmbito educacional. À tarde, está prevista exposição de banners e, às 14h30, mesa redonda sobre diversidade de gênero, com participação da professora da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Cláudia Ribeiro. Às 16h, terá início a premiação da 2ª Mostra Cultural sobre a Diversidade Sexual e de Gênero. O evento é voltado aos estudantes dos cursos de licenciatura e aos profissionais da rede pública de educação básica da região sul do Rio Grande do Sul. O objetivo é contribuir para conscientização e a socialização de conhecimentos, com vistas à difusão do respeito e à valorização da diversidade sexual, de gênero e étnico-racial. Promovem-se, dessa forma, práticas educacionais que combatem a homofobia, a violência sexista e o racismo nos espaços escolares. A comunidade universitária foi recebida em clima de festividade para o Seminário Integrador, atividade final do projeto de formação de profissionais de educação do Gese. As atrações musicais foram comandas por Léo Oliveira, as quais contaram com a interação do público a cada apresentação. O projeto de formação é financiado pelo Ministério da Educação (Mec), por meio da Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e Inclusão (Secadi),no âmbito do Programa Brasil Sem Homofobia, do Plano Nacional de Cidadania e Direitos Humanos de LGBTs e da segunda edição do Plano Nacional de Política para as Mulheres. As seguintes autoridades compuseram a mesa de abertura, na amanhã de quinta-feira: a diretora de avaliação e desenvolvimento da graduação, Silvana Maria Bellé Zasso, representando a pró-reitora de graduação, Denise Martinez; a pró-reitora de extensão e cultura, Lúcia de Fátima de Anello; a coordenadora regional de educação de Uruguaiana, Maria de Lurdes Dávila; o secretário municipal de educação de Uruguaiana, Francisco Robalo; a secretária municipal de educação de Piratini, Rosana da Silveira Manetti; o secretário de educação do Rio Grande, André Lemes, a representante da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Campus Uruguaiana, Fabiane Ferreira da Silva; a coordenadora do Gese, Paula Ribeiro; e o pró-reitor de assuntos estudantis, Vilmar Pereira, representando a reitora da FURG, Cleuza Dias. Também acompanhou o evento o representante da secretaria municipal de Educação de Bagé, Eduardo Luiz. A coordenadora do Gese, Paula Ribeiro, agradeceu pelo envolvimento da comunidade com o projeto, o que atesta o interesse por desconstruir discursos e combater preconceitos e a violência racial e sexual. "Nós temos que ter uma escola plural, uma escola que possa acolher a todos e a todas, compartilhar conhecimento e afeto", explica. Representando a reitora da FURG, Cleuza Dias, o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Vilmar Pereira, parabenizou o Gese pela trabalho coletivo e ressaltou o alinhamento das ações do Grupo à política institucional da Universidade. "A FURG tem como princípio acolher bem as pessoas. O Gese demonstra que é possível esse trabalho, que tem sido reconhecido por diversas institucionais nacionais e internacionais", afirma. Em 2014, a FURG promoveu mais de 60 eventos de acolhida, com apoio direto, abrangendo mais de dez mil pessoas. Mesa Redonda: "Travestis nas Escolas" O Seminário Integrador do Gese recebeu a professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira do Ceará (Unilab), Luma Nogueira de Andrade,e o professor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Rogério Junqueira,para a mesa redonda "Travestis nas Escolas: assujeitamento e resistência à ordem normativa". Luma Andrade é a primeira travesti a concluir curso de doutorado no Brasil. Essa posição, em sua fala, foi assumida por uma questão política, para promover a visibilidade do tema, ainda que no meio acadêmico, segundo ela, o conhecimento não esteja preso aos "engessamentos" sociais. Luma, na proposta de socialização e transposição do conhecimento acadêmico, contextualizou o processo histórico de segregação nas sociedades. "Tudo o que aprendemos é fruto de uma construção. O belo e o feio são construídos na família", explica, após passar um vídeo em que crianças de diferentes etnias apontavam bonecas negras, em vez das brancas, como "feias" e "más". Com base em conceitos de Michel Foucault, a professora explicou que, no processo de "adestramento social", o que as pessoas pensam, muitas vezes, é fruto de uma imposição social no processo de construção histórica. Conforme Luma, na sociedade atual, heteronormativa, haveria a divisão entre "super-homens" (homens brancos e héteros) e "sub-humanos" (os sujeitos LGBTs), da mesma forma que, no passado, houve segregação entre helenos e bárbaros, arianos e judeus, cristãos e pagãos. "Quanto mais se aproxima dessa definição ideal, mais abertura você tem. Nós não temos mais travestis doutoras porque os espaços sociais não foram pensados para esses sujeitos", argumenta, referenciando a necessidade de uma educação libertadora que minimize preconceitos e promova o acesso aos Direitos Humanos por parte de todos os sujeitos.

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A coordenadora do Gese, Paula Ribeiro, na abertura do evento

A coordenadora do Gese, Paula Ribeiro, na abertura do evento

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