A cientista, ecologista e educadora entre outras várias atividades Judith Cortesão será lembrada pela Universidade Federal do Rio Grande - FURG nesta sexta-feira, 25, com homenagens pelo trabalho que desenvolveu durante duas décadas. Judith faleceu em 25 de setembro de 2007, na Europa, junto aos familiares. Antes, porém, deixou sua marca em diversas atividades, especialmente as voltadas ao meio ambiente.
Depois de se dedicar por muitos anos à assessoria e consultoria do governo brasileiro na área ambiental, a portuguesa natural de Porto se encantou com Rio Grande e a FURG. E veio trabalhar no Museu Oceanográfico e na criação do primeiro programa de pós-graduação em educação ambiental do Brasil.
Maria Judith Zuzarte Cortesão talvez seja a mulher que contribuiu para o Brasil de forma mais transdisciplinar. Seu comprometimento e dedicação deram a ela o título de cidadã honorária do Rio Grande. Aprendeu 14 línguas, dentre elas, árabe, esperanto e chinês. Formou-se em Medicina, Antropologia, Letras, Biblioteconomia, Meteorologia, Climatologia e Biologia, com cursos de especialização em Neuroendocrinologia, Genética e Reprodução Humana.
Mesmo trabalhando em diversas áreas, sempre teve a Ecologia como principal foco de interesse e atuação. Foi uma das criadoras do programa Globo Ecologia e prestou consultoria a ONGs de renome na área ambiental como SOS Mata Atlântica e Instituto Acqua. Participou de duas expedições brasileiras à Antártica, em 1982 e 1983, e colaborou com a atual organização dos Museus Oceanográfico e Antártico, da FURG. Lecionou em 16 universidades, inclusive na Sorbonne (França), e na Open University (Grã-Bretanha). Escreveu 16 livros e participou da elaboração de filmes, como Taim, sobre a reserva gaúcha. Acompanhou missões da Unesco em Portugal e no Brasil e deixou, para as atuais e próximas gerações, um legado de conhecimento e determinação em servir, que não será jamais esquecido.
No ano de 2007, a FURG criou a Sala Verde Judith Cortesão, integrada ao projeto do Ministério do Meio Ambiente, onde está guardada uma considerável bibliografia que pertencia à professora. Esta Sala Verde estará aberta à visitação durante esta sexta-feira, nos três turnos, para todos os interessados em conhecer o acervo. Na Sala Verde também estão à disposição para pesquisas os trabalhos de doutores e mestres orientados na FURG pela professora.
HOMENAGENS - A FURG, em seus três meios de comunicação sítio na Internet, FURG FM e FURG TV - resgata nesta sexta-feira, 25 de setembro, um pouco do trabalho e da vida da ambientalista. Mensagens gravadas por pessoas que conheceram Judith Cortesão, foram seus entrevistadores ou orientandos, ou ainda conviveram com ela em Rio Grande, estarão transmitindo citações da mestra, via rádio e TV. Uma entrevista exclusiva, dada por Judith ao programa Metamorfose, da FURG FM, será retransmitida em duas oportunidades: nesta quinta-feira, 24, às 18h, e na sexta, 25, às 13h.
Outras homenagens também serão feitas ao longo dos próximos meses, especialmente organizadas pela Sala Verde, no Campus Carreiros. Entre elas, uma homenagem será feita na 37ª Feira do Livro da FURG no balneário Cassino, no verão, incluindo a apresentação do filme Paisagens Invisíveis e uma mostra de imagens e lembranças. Tudo isto como forma de manter viva a lembrança e o legado de alguém que dedicou sua vida ao planeta e às suas populações.
LEGADO O reitor da FURG, prof. dr. João Carlos Brahm Cousin, que conviveu com a professora Judith nos anos 1990, quando foi vice-reitor da FURG, visitou o túmulo da ambientalista em Portugal, na localidade de São João do Campo, no final de 2008, acompanhado de seu filho Bruno Cortesão. Ele destaca que a professora Judith deixou um grande legado para a FURG e para o País, dada a sua inigualável e brilhante capacidade interdisciplinar nos domínios da educação, da ciência e da cultura, notadamente na área ambiental.
