Pesquisadores da FURG realizam amostragens inéditas na Antártica

Pesquisadores do Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes (GOAL), liderado pelo Instituto de Oceanografia (IO) da FURG, estão retornando neste início de março de viagem, a bordo do navio Ary Rongel, da Marinha do Brasil, em que realizaram pesquisas oceanográficas no entorno da Península Antártica e no Mar de Weddell. As atividades ocorrem no âmbito do projeto SOS-CLIMATE (Southern Ocean Studies for Understanding Global Climate Issues), projeto multi-institucional apoiado financeiramente pelo MCT/CNPq no âmbito do Ano Polar Internacional (2007/2008), coordenado pelo Prof. Carlos A. E. Garcia do IO-FURG.

O principal objetivo do projeto é observar e quantificar diversos mecanismos físicos, químicos e biológicos do oceano Antártico para auxiliar no entendimento de suas inter-relações com o sistema climático do planeta. Estes esforços estão sendo realizados em conjunto por diversos grupos de pesquisadores de vários países que participam do Ano Polar Internacional.

A equipe de campo do GOAL coordenada, durante esta operação pelo Prof. Mauricio Mata (IO-FURG), realizou recentemente atividades inéditas como o lançamento de três conjuntos de amostradores que permanecerão ancorados em profundidades de cerca de 600 m registrando propriedades da água (como temperatura e salinidade) e velocidade da corrente marinha. Estes conjuntos deverão ficar registrando continuamente por um intervalo de cerca de um ano, inclusive ao longo do rigoroso inverno Antártico na entrada da Bacia Central do Estreito de Bransfield. Baseado em dados pretéritos, o GOAL detectou o aquecimento e a dessalinização daquelas águas de fundo, devido ao quadro atual de mudanças climáticas que o planeta atravessa. Essas águas de fundo, ao redor do continente antártico, contribuem para o equilíbrio da circulação termohalina global que distribui massa, calor e outras propriedades pelos oceanos em escala global. O clima do planeta depende deste cinturão de correntes oceânicas.

Além disso, a equipe acaba de realizar, com sucesso, a fixação de transmissores de posição em três icebergs tabulares (com cerca de 1 x 1 km de largura) na região do noroeste do Mar de Weddell. Os transmissores irão transmitir diariamente, via satélite, a posição dos icebergs por um período de até dois anos e, portanto, contribuir para o entendimento da influência destes na estabilidade da camada superficial do mar e no ecossistema marinho Antártico. Os icebergs são montanhas de gelo oriundos das plataformas de gelo (compostos de água doce) ao redor do continente Antártico. O desprendimento dos icebergs destas plataformas de gelo para o oceano é um fenômeno natural, porém, em um cenário de mudanças climáticas globais, o número de icebergs desprendidos pode aumentar e, desta forma, influenciar fortemente as águas marinhas no entorno do oceano Antártico.

 

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