Professores da FURG avaliam deslizamentos em Santa Catarina

Engenheiro conta como foram os trabalhos no Morro do Baú, a região mais atingida

Professores da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande-FURG estiveram em Santa Catarina prestando apoio técnico na avaliação das áreas que sofreram deslizamentos de terra. A pedido da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), para trabalho voluntário, os professores Cezar Bastos e Antônio Alves prestaram apoio técnico a missões diversas nas regiões atingidas pelos deslizamentos.

A Direção da Escola de Engenharia liberou os professores para desenvolver as atividades e a participação deles ocorreu em dois períodos distintos. O prof. Cezar Bastos esteve em Santa Catarina do dia 04 ao dia 08 de dezembro, enquanto o professor Antônio Alves, de 20 a 23 de dezembro.

O trabalho concentrou-se na região do Morro do Baú, que abrange uma área de cerca de 100 km2. "Nesta área, que pertence na sua maior parte ao município de Ilhota/SC, ocorreram os maiores eventos e houve o maior número de óbitos. Nela moravam pelo menos seis mil pessoas. A grande a maioria foi removida com o início da tragédia. O número total de mortos na região, incluindo todo o Vale do Itajaí foi de 135", explica o Prof. Cezar Bastos.

Diversas equipes de voluntários se revezaram desde o início da tragédia, sendo cada equipe formada por dois a quatro engenheiros geotécnicos de todas as partes do país. Os deslocamentos até SC foram financiados pela própria ABMS e os engenheiros geotécnicos trabalharam em conjunto com equipes de outros centros de pesquisa, como IPT, Instituto Geológico/SP e UFSC. "As atividades de avaliação foram realizadas por meio de sobrevôos de helicóptero e expedições a pé. A equipe técnica, formada por engenheiros geotécnicos, geólogos e geógrafos das instituições envolvidas (ABMS, IPT, UFSC, Instituto Geológico/SP), avaliava as condições das encostas e o risco que ofereciam a novos deslizamentos, subsidiando as decisões quanto às condições de segurança para as equipes de resgate, bem como à liberação de acesso da população às áreas atingidas", conta Bastos.

O trabalho de avaliação das áreas continua, coordenado pela Defesa Civil de Santa Catarina. Deverão ocorrer novas fases de estudos na região, para buscar soluções de engenharia e o planejamento do uso e ocupação sustentável daquela região, reduzindo com isso os riscos de uma nova tragédia.

"A receptividade da população atingida quanto às recomendações vai depender de um trabalho de conscientização junto às comunidades, levando em conta os aspectos técnicos e sócio-econômicos da população atingida, já que as famílias insistem em retornar às residências e às atividades econômicas que garantem sua subsistência na área, formada por morros e vales e cuja atividade principal é o cultivo de banana, palmito, milho, pecuária e florestamento", destaca.

 

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