FURG no Taim: Estudos arqueológicos indicam capela de 1700

A equipe da FURG que realiza trabalhos arqueológicos no Taim, para conhecimento do local e preparação ao projeto arquitetônico de restauro da capela, fez descobertas históricas importantes. Além dos vários indícios de enterramentos no local era costume antigo enterrar mortos à volta ou dentro das igrejas os arqueólogos e estudantes encontraram vestígios de uma capela que pode ter sido construída nos primeiros anos do século 18.

Num trabalho transdisciplinar, estão atuando no local professores, arqueólogos e estudantes do curso de Arqueologia da FURG lançado em 2008 , biólogos, historiadores e duas arquitetas da Universidade, responsáveis pelo projeto de restauro. O grupo faz pesquisa histórica paralela às buscas pelos vestígios e artefatos do local, que conta a história de um dos mais importantes pontos de fronteira do Brasil, disputado por décadas por portugueses e espanhóis.

Muitas hipóteses são levantadas, mas já é certo que a capela existente, supostamente construída pelo famoso Comendador Faustino Correa cuja herança era disputada por milhares de pessoas em vários países e cujo processo está arquivado no Centro de Documentação Histórica da FURG não foi o primeiro prédio religioso construído no local. Já se sabe que pelo menos duas outras capelas já haviam sido erguidas ali, uma delas de madeira, a qual teve uma das paredes queimada. Provavelmente, conforme os estudos, a primeira capela tenha sido erguida para acompanhar um primeiro corpo de guarda de fronteira. Ela pode ter sido abandona durante os 13 anos de ocupação espanhola.

Conforme o professor Artur Barcelos, um dos arqueólogos que trabalham no local, serão feitas outras pesquisas em bibliotecas públicas e no Arquivo do Estado, à procura de documentos sobre as obras no local e outros indícios que vão compor o projeto final. A obra foi reivindicada pela comunidade, que participa ativamente do trabalho, auxiliando os profissionais e dando informações valiosas. A população quer de volta o seu local de missas, pois hoje a capela não pode nem receber bancos para os visitantes sentarem.

O reitor da FURG, João Carlos Cousin, visitou a capela do Taim na quarta-feira junto com o vice-reitor Ernesto Casares Pinto e saudou o trabalho realizado, com o qual a FURG, segundo Cousin, reúne ensino (os estudantes recém iniciaram o curso e já estão em trabalhos práticos), pesquisa que será feita a partir dos vestígios encontrados, servindo de base para trabalhos, dissertações, teses ou artigos científicos; e extensão, com a integração na comunidade do Taim e atendendo a uma necessidade apontada pelos moradores locais e pela Diocese do Rio Grande.

Uma das estudantes, Bruna Fagundes, empolga-se a cada nova descoberta, a maioria de ossos de pessoas enterradas ali. Natural de Camaquã, ela veio para a FURG para estudar História. Frustrada no primeiro vestibular, tentou o concurso de inverno, quando foi lançado Arqueologia. Aprovada, dá os primeiros passos na prática da profissão e diz, com ênfase: não saio mais da Arqueologia.

FOTO: Reitor Cousin acompanha trabalhos de escavação

CRÉDITOS: Rosane Borges Leite

 

Subject: Arquivo