Reitor português lembra precursores do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras

A data de proclamação do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras não poderia ser outra. Há duzentos e um anos, em 27 de novembro de 1807, ao fim da manhã, o Príncipe Regente embarcava em Lisboa, com toda a família real para a viagem que marca a primeira e única vez em que uma corte européia se muda para o Novo Mundo.

Para o reitor da Universidade de Coimbra, Fernando Seabra Santos, o Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras representa a consagração de um percurso que faz próximas as universidades participantes, mesmo estando distantes. Resgatando o contexto histórico, ele lembra a frase representativa do espírito precursor de Tiradentes (1789), gravada em pedra no Museu Histórico de Brasília, na Praça dos Três Poderes: "Que a capital se havia de mudar para São João del-Rei, por ser aquela Vila mais bem situada e farta de mantimentos; e que nesta se haviam de abrir estudos como em Coimbra, em que também se aprendessem Leis".

Santos destaca ainda que José Bonifácio de Andrada e Silva, graduado em Filosofia Natural e em Leis pela Universidades de Coimbra igualmente defendeu a criação de uma Universidade brasileira, optando pela sua instalação em São Paulo e preconizando uma organização em torno de Faculdades e serviços idênticos aos que existiam, à época, em Coimbra. Sobre os primeiros passos do ensino superior no Brasil, o reitor observa que a Escola Médica da Bahia, criada por Decreto-Régio de D. João VI em 1808, teve como seus primeiros Mestres três médicos formados em Coimbra. É esta ligação umbilical que levou os Reitores de 13 Universidades brasileiras, reunidos em São Paulo a 24 de abril de 1952, a assinar uma declaração na qual se pode ler: Nós, Reitores das Universidades Brasileiras, reunidos em São Paulo para estudar o projeto de bases e diretrizes da Educação Nacional, saudamos reverentemente a Universidade de Coimbra, Alma Mater do Ensino Superior do Brasil, reforça Santos.

A vocação da Universidade de Coimbra para berço de diversas formas de expressão cultural nascidas da cultura lusitana originou o projeto de candidatura da Instituição a patrimônio da Humanidade, uma das atividades previstas na programação da comitiva de universidades brasileiras em Portugal. "O que nos impressiona e orgulha, é o fantástico percurso que puderam fazer desde então as nossas Universidades; é a vontade que mantemos de reforçar a sua posição no mundo; é a consciência da ajuda que mutuamente nos podemos proporcionar, acrescentando em cada dia, um pouco mais aos ensinamentos e realizações dos gigantes que nos precederam, explica Santos.

Nessa relação entre passado e presente, o reitor reforça que a riqueza e o bem-estar das nações e dos povos hoje dependem menos do castelo do que da Universidade. Pergunto-me o que pensaria José Bonifácio se, de regresso a esta Sala que bem conheceu, pudesse presenciar o que aqui decorreu hoje. Sem encontrar resposta segura - porque é tão difícil re-interpretar a História - tenho a convicção de que ele entenderia, pelo menos, a nossa intenção e a nossa vontade de procurar ser dignos dos seus sonhos e das suas ilusões, afirma, sobre a cerimônia de proclamação do Grupo.

Foto: Reitor da Universidade de Coimbra, Fernando Seabra Santos,

Créditos: Delfim Ferreira, Media UC

 

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