Professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, o Prof. Dr. Pablo René Estévez Rodríguez está entre os Educadores Destacados do século XX. O título é conferido pela Associação de Pedagogos de Cuba e destaca educadores por seus méritos e trajetória.

Nascido em Santa Clara, Cuba, o professor iniciou o papel de educador aos 14 anos, quando participou, em 1961, da Campanha Nacional de Alfabetização, que erradicou o analfabetismo no país. Esse trabalho está retratado em trilogia de caráter autobiográfica, entre os 14 livros de literatura infanto-juvenil que publicou. As publicações de caráter científico são dezenas, entre artigos, ensaios e livros sobre aspectos teóricos, metodológicos e práticos da Educação Estética, publicados em espanhol, português e russo, idioma do qual o Prof. Estévez é tradutor.

Por conta dos estudos iniciados em 1962 para a formação como tradutor do idioma russo, ingressou em 1964 nas forças armadas cubanas, que recebiam assessoria militar da União Soviética. Nas forças armadas, atuou até 1968, quando se formou na Faculdade Camponesa Operária da Universidade Central de Las Villas e se tornou professor de Espanhol em Planta Mecânica, e posteriormente de Matemática na própria Faculdade onde estudou. Em 1969, tornou-se diretor do Departamento de Matemática, mas abriu mão da atividade para estudar Letras, com bolsa de estudo oferecida pelo governo. A segunda colação de grau veio em 1974 e ele novamente foi convidado a lecionar, desta vez na Universidade Central de Las Villas.

A pesquisa na área de Educação Estética começou em 1979, como professor do Departamento de Filosofia, área em que concluiu Especialização (1979, Universidade de Havana) e Doutorado (1987, em Kiev, capital da Ucrânia, pertencente a então União Soviética). Foi o segundo cubano na história do país a concluir Doutorado nesta área, fundando um núcleo de pesquisa e extensão denominado Cátedra de Educação Estética Mirta Aguirre, a Seção de Estética na Biblioteca Provincial de Santa Clara e o Centro promotor de educação estética A idade de Ouro, que em 1991 se tornou o Centro Latino Americano de Educação Estética (CELE), com sede na Universidade Central de Las Villas e posteriormente outra sede no México.

Com o CELE, implantou Cátedras de Educação Estética na maioria das escolas do município de Santa Clara e da província e organizou três eventos internacionais. Mais tarde esse centro ampliou a atuação, tornando-se Centro Latino Americano de Educação Estética e Ambiental (CELEA), entendendo a educação estética e a educação ambiental como temáticas complementares. O trabalho como escritor favorecia a tarefa como educador estético. Com a modernidade, o aporte do sensível, do estético, da espiritualidade, tem sido esquecido, explica o professor sobre a realidade em muitos países.

No trabalho de promoção da educação estética, fez itinerário pelo Ministério da Educação de Cuba, Departamento de Educação Artística e Programa Nacional de Educação Estética, com a distribuição de 5.400 exemplares de sua obra A revolução estética na educação, voltada para a formação de professores. A contribuição de seus livros à educação estética é muito forte em Cuba: em breve a obra As cores do Arco-Íris terá 50 mil exemplares distribuídos para instrutores de arte.

Reconhecimentos e condecorações

Professor Estévez se diz surpreso com a homenagem de professor Destacado do Século XX. Ainda não estou acreditando. Em Cuba há muitos educadores que se destacaram no século XX, observa modestamente. No próximo dia 22 de dezembro o país comemora o Dia do Professor. A data lembra o final da Campanha Nacional de Alfabetização, da qual Prof. Estévez participou. Naquela época aproximadamente trinta por cento da população de 6 milhões de habitantes eram analfabetos. Essa porcentagem foi atingida e o país, declarado território livre de analfabetismo na América Latina. O percentual residual de analfabetos era insignificante, explica.

A dedicação a um projeto tão importante rendeu a Estévez a Medalha da Alfabetização, pelo Conselho de Estado, em 1986. Ele também recebeu a Medalha Rafael Maria de Mendive, do Sindicato Nacional de Educação, Ciência e Desportes (1991); Selo de Laureado, pelo Sindicato Nacional da Cultura (1994); Distinção Pela Educação Cubana, do Ministério da Educação (1995); Medalha José Tey, do Conselho de Estado e a Medalha 40º Aniversário das Forças Armadas Revolucionárias, pelo Conselho de Estado, 1997.

Estévez recebeu ainda a máxima condecoração cultural da Assembléia Municipal do Poder Popular do município de Cifuentes (2005), inúmeros reconhecimentos e prêmios em concursos literários.

A atuação na FURG

O primeiro convite para atuar na FURG veio em 1998, pelo Prof. Sílvio Lopes Velasco durante um Simpósio de Pensamento Latino Americano. Em abril de 1999 já estava lecionando como professor visitante na área de Filosofia da Educação. Com o prof. Vitor Hugo Guimarães, criou o Núcleo de Estudo, Investigação e Extensão em Educação Estética, do qual é co-responsável.

Retornou à Cuba em 2003, para um período de cinco anos no qual conquistou cinco prêmios literários, três deles para o livro A casa redonda, inspirado numa residência da praia do Cassino. Em 2007 recebeu o prêmio especial A Rosa Branca, da Sessão de Literatura Infantil da União dos Escritores e Artistas de Cuba, pelo conjunto da obra, estando na Galeria de Fotos do Biblioteca Central de Havana.

Em fevereiro de 2008, voltou à FURG para atuar com Educação Estética Ambiental no Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental do Instituto de Educação, onde a temática está presente em diferentes projetos. Para o professor, o conceito de estética deve ser compreendido além da arte. Muitos pensam que educação estética trata somente de educação pela arte, mas o comportamento estético não pode ser separado do ético. A conduta de uma pessoa em relação à natureza ou à sociedade tem uma significação estética. A palavra estética vem do grego Aistheis e mexe diretamente com a sensibilidade. Esse conceito inicial deve ser resgatado, reforça. Prof. Estévez completa que nem mesmo na arte essa essência tem se mantido na modernidade. O homem contemporâneo tem necessidade de desenvolver os sentidos. Há uma universalidade no estético, que pode ser usado como ferramenta na Educação.

Publicações recentes

- La educación Estética del Hombre Nuevo (Coautor). La Habana: Ciências Sociales, 1987.

O belo. Rio Grande: Editora da FURG, 2000.

A Universidade na virada do século 21. (Capítulo). Porto Alegre: Sulina, 2000.

Educação Brasileira. Desafios e perspectivas para o Século XXI. (Capítulo). Porto Alegre: Sulina, 2000.

Educação na América Latina: encontros e desencontros. (Capítulo). Pelotas: EDUCAT, 2002.

O Ensino sob o olhar dos educadores. (Capítulo). Pelotas: Seiva Publicações, 2003.

La Revolución Estética en la Educación. La Habana: Editorial !Pueblo y Educación, 2004. (Editado no Brasil com o título: A Educação Estética: experiências da escola cubana. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2003).

Educação Estética: conceptos y contextos. Em edição (Editorial Capiro).

La alternativa estética en la educación liberadora. Em edição (Editora Política).

La alternatva estética en la educación liberadora. Em edição (Editora Política).

Los colores del arco iris. Em edição (Editorial Pueblo y Educación).