MPU abre com a participação de mais de mil trabalhos

A Mostra da Produção Universitária da Universidade Federal do Rio Grande-FURG traz mais de 1200 trabalhos inscritos para esta 7ª edição. Os números foram comemorados pelo Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Prof.Dr. Luiz Eduardo Maia Nery em discurso na solenidade de abertura, quando falou em nome também dos Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis e de Graduação.

A abertura oficial do evento pelo Reitor da FURG, Prof.Dr. João Carlos Brahm Cousin, pela manhã, marcou a entrega da Distinção Universitária ao Prof.Dr. Jorge Pablo Castello, do Instituto de Oceanografia, no palco do Cidec-Sul do Campus Carreiros.

Durante três dias, a 7ª MPU congrega atividades do 2º Seminário de Ensino, 4º Feira de Inovação Científico-Tecnológica, 4º Encontro dos Grupos de Pesquisa, 10º Encontro da Pós-Graduação, 11º Seminário de Extensão e 17º Congresso de Iniciação Científica.

Durante a tarde, na asa direita do Cidec-Sul, o palestrante Henrique Santos, da Petrobrás, aborda A história do relacionamento da Petrobras com a comunidade de ciência e tecnologia brasileira.

Para as 18h, na asa esquerda, é aguardada a abertura oficial do Geribanda Movimento de Arte e Cultura na FURG, com a palestra A teatralidade do humano, por Ana Lúcia Pardo, atriz, jornalista e ouvidora do Ministério da Cultura.

Distinção universitária:

Dr. Castello é Professor Titular da FURG, doutor em Oceanografia Biológica. EM mais de 33 anos de trabalho publicou 80 artigos em periódicos especializados e 24 trabalhos em anais de eventos. Tem 27 capítulos de livros e dois livros publicados. Orientou 12 dissertações de mestrado e três teses de doutorado na área de Oceanografia Biológica. Sua linhas de pesquisa são Ecologia e Dinâmica de Peixes Pelágicos, Impactos Ambientais da Maricultura e Manejo da Pesca.

Leciona Introdução à oceanografia no curso e graduação em Oceanologia e Determinação de Parâmetros Populacionais Pesqueiros na pós-graduação em oceanografia Biológica.

É responsável pelo Laboratório de Recursos Pesqueiros Pelágicos, coordenador geral do projeto Pronex Avaliação Comparativa da Influência dos Padrões Oceanográficos sobre a Produção Biológica da Plataforma Continental e Talude em duas Áreas do Sul do Brasil e coordenador geral do programa Instituto do Milênio. Aposentado, não abandona suas pesquisa, muito menos seus alunos.

Discurso do homenageado Prof.Dr. Jorge Pablo Castello:

Recebo esta homenagem... surpreso, emocionado, e imensamente agradecido.

A FURG me acolheu 33 anos atras. Cheguei da Argentina, que se encontrava em tempos difíceis e convulsionados, atraído pelo desafio do então chamado Projeto Atlântico e tambem pela fé que o Prof. Eurípedes Falcão Vieira, idealizador do projeto, em mim depositou. O Projeto Atlântico foi, na época, fruto da uma visão que se antecipou no tempo.

Poucas vezes me envolvi em um projeto com a envergadura do Projeto Atlântico, que ainda hoje me surpreende pela sua audácia. Não foi facil. Mas a FURG e a hospitaleira terra de Rio Grande me acolheram muito bem.

Este ecossistema costeiro, estuarino e marinho, rico e diverso, tão diferente de tudo o que eu conhecia, incentivou nossa imaginação e nos abrumou com perguntas para as quais não tínhamos muitas respostas. Isso nos obrigou a sair a campo, coletar dados, e aprofundar as pesquisas.

Neste longo caminho as perguntas não pararam de crescer e as idéias para responder-las necessitaram ser conciliadas com os recursos materiais e humanos que tínhamos a nosso alcance. Portanto, como é natural, exercitamos todos juntos a arte do possível.

Pouco tempo depois de iniciar os trabalhos de campo e laboratório, já estávamos rodeados de alunos e graduados das famosas primeiras turmas de Oceanologia. Haviamos conseguido formar uma equipe capaz, coesa, animada e dedicada. Assim, nosso entusiasmo cresceu, e vimos novos horizontes de pesquisa.

Observar, perguntar, formular hipóteses e buscar formas de submetê-las a prova são a essência da pesquisa. Depois de obtidos os resultados, comparados com o conhecimento prévio decidimos pela aprovação ou reprovação da hipótese, ou ainda como mais frequentemente ocorre, pela sua reformulação. Este é um exercício renovador.

Sempre procuramos estimular e semear no espírito dos membros da equipe pensamentos instigantes, dúvidas e, quando necessário, rebeldia sobre o conhecimento oficial aceito.

Uma das atividades mais gratificantes que conheço é a docência. Foi nos dado o poder e responsabilidade de formar os jovens estudantes. A docência é o complemento ideal da pesquisa.

Da experiência que ganhamos em campo e laboratório saem os exemplos para a sala de aula. Dessa forma complementamos as informações dos livros de texto, quase sempre baseados em exemplos estrangeiros. Das aulas, sempre algo aprendemos. Isto não é uma afirmação retórica, basta apenas saber escutar e estar aberto às idéias e perguntas de nossos alunos, mesmo até as mais inocentes e simplórias.

Hoje, quando alunos e professores viajam e são perguntados onde eles trabalham é um motivo de orgulho responder que somos da FURG! É com satisfação que seguido nos enteramos sobre antigos alunos que se destacam profissionalmente no Brasil e no exterior. Vemos neles o resultado da dedicação emprestada por todos os professores que tiveram oportunidade de forma-los e incentiva-los. Nada mais reconfortante que isso.

Pessoalmente, me considero muito afortunado, pois tive excelentes professores na minha formação secundária e universitária na Argentina que ofereceram seus conhecimentos e suas qualidades humanistas e éticas. Sempre lembro com carinho e agradecimento essas figuras que foram e continuam sendo minhas referências norteadoras.

Hoje a FURG, com um nome consolidado e respeitado no cenário nacional e internacional continua sua marcha enfrentando novos desafios e demandas, na busca cotidiana pelo aprimoramento e construção da comunidade acadêmica.

Como vocês sabem, trabalho com a problemática da exploração de recursos vivos marinhos. Ao longo destes anos vi como se acentuou a dicotomia entre desenvolvimento e sustentabilidade. Isso ocorre porque o crescimento econômico e o precário desenvolvimento das sociedades a ele associado não respeitam os limites naturais seguindo políticas de crescimento equivocadas.

Temos então, o dever de aportar visões alternativas, explicar que é preciso saber dimensionar nossas expectativas de produção às reais potencialidades do meio marinho e costeiro sob pena de enganar nossos alunos e convertê-los em meros receptores e repetidores de clichês e lugares-comuns.

Encerro esta a locução repetindo a primeira sentença:

Recebo esta homenagem... surpreso, emocionado, e imensamente agradecido.

 

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