SOLIDARIEDADE

FURG conta com a colaboração de servidores e estudantes para ajudar vítimas das enchentes

Número de resgatados no Pavilhão 4 está reduzindo, mas universidade segue em busca de voluntários

Foto: Bruna Nornberg

Com o retorno das aulas da rede municipal de ensino, as vítimas da enchente que permaneciam abrigadas no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) foram transferidas na quarta-feira, 5, para o Pavilhão 4 do campus Carreiros.

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Diante do momento em que a cidade está passando, com as águas da lagoa voltando a baixar, as pessoas estão deixando o abrigo espontaneamente para voltar para casa. No entanto, a coordenação segue em busca de novos voluntários para auxiliar nas atividades de atendimento ao grupo de resgatados que permanece na universidade. Atualmente, 18 desalojados pelas chuvas são atendidos 24h no prédio.

"Já tivemos 67 pessoas abrigadas nos alojamentos da FURG, além dos espaços cedidos para acolher os abrigos da Prefeitura", detalha Bruna Nornberg, uma das coordenadoras das ações no pavilhão. "Atualmente temos uma demanda de 12 voluntários por turno, em média. Esse número varia um pouco durante a noite e madrugada". Nas primeiras semanas, a equipe teve até 60 voluntários por turno, além de um time de coordenadores para cada um dos sete grupos de trabalho. Esse número foi reduzindo com o passar dos dias.

Na manhã desta sexta-feira, 7, um novo grupo de voluntários se mobilizou até o Cidec-Sul para ampliar a força de trabalho e ajudar a descarregar um caminhão com donativos vindos de Manaus/AM.

Diariamente, as refeições principais de almoço e jantar são todas cobertas pelo Restaurante Universitário, que, no início, produzia marmitas e agora recebe abrigados e voluntários no RU do Centro de Convivência. A refeição da tarde é servida pelo grupo de trabalho da alimentação, organizado pela Aprofurg e voluntários; os insumos são doações provenientes de diversas fontes da comunidade e do comércio. Frequentemente, a coordenação é surpreendida positivamente pela comunidade, que doa bolos e frutas que complementam os lanches da tarde.

O professor Raphael de Boer, do Instituto de Letras e Artes (ILA), é natural de Rio Grande e leciona no campus Santa Vitória do Palmar. Com o período de greve das universidades e institutos federais, ele aproveitou o afastamento temporário da sala de aula para dedicar-se ao voluntariado no campus Carreiros. A experiência de longo prazo como servidor, além do conhecimento sobre o território onde atua, permitiu um melhor desempenho no grupo de trabalho voltado à alimentação. "Apesar de ser um momento de dor para muita gente, a experiência de ser um voluntário está sendo muito interessante; além de me sentir útil e poder ajudar essas pessoas, sinto que é um dever enquanto cidadão e funcionário público poder contribuir nesse movimento", afirma ele. "Nessa ação de solidariedade, está sendo muito legal a interlocução com colegas e amigos de diversas áreas da universidade. Tenho certeza de que o sucesso desse movimento de cuidar das pessoas desabrigadas vem muito desse trabalho que se faz no coletivo", aponta. "Fiquei feliz em ver meus colegas do comando de greve participando. Tirar da teoria e colocar na prática tudo o que a gente acredita em relação à comunidade e ao povo está sendo um exercício de cidadania, acima de tudo. A FURG é uma universidade pública da qual eu fiz e faço parte, e enquanto servidor público é muito importante poder, de alguma forma, devolver à comunidade o que eu recebi do estado", avalia o professor.

Os demais grupos de trabalho envolveram grande número de extensionistas, sendo eles de Doações, Saúde e Acolhimento, Coordenação e Comunicação, Coordenação de Abrigos, Cuidado e Acolhimento de PETs, e Recreação e Acompanhamento das Crianças Abrigadas.

Para a professora do ILA/SLS e assessora de Projetos Estratégicos do Gabinete do Reitor, "embora as águas estejam voltando à normalidade, ainda seguimos com todas as atividades no abrigo e no setor de doações. Assim, necessitamos muito que outras pessoas integrem nosso grupo, principalmente para auxiliar no revezamento com os voluntários que estão atuando incansavelmente desde o início do processo. Sabemos que tudo isso vai passar em breve, mas muitas pessoas ainda dependem do voluntariado para reconstruírem suas vidas, por isso seguimos bastante fortes ainda nessa reta final".

Como ser um voluntário?
A FURG está cadastrando voluntários para atuar no Pavilhão 4, onde está o abrigo da universidade, e também no Cidec-Sul, que recebe os donativos. Há necessidade de pessoas que possam dar apoio em diferentes frentes, especialmente na triagem das doações que chegam. O grupo do Cadastro de Voluntários pode ser acessado neste link. Para conferir a escala para ajuda em atividades gerais, clique aqui.