Estudantes indígenas e quilombolas da FURG conhecem a Praia do Cassino

Novos acadêmicos da FURG, 19 estudantes indígenas e quilombolas conheceram nesta sexta-feira, 9, a Praia do Cassino. O passeio foi guiado por servidores da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), que durante toda a semana realizaram ações através da Acolhida Cidadã. O programa se propõe a incentivar práticas de cidadania e responsabilidade social, além de respeito e carinho aos que chegam à universidade.

A primeira parada do grupo ocorreu nos Molhes da Barra de Rio Grande. O mar a perder de vista e os pequenos carrinhos movidos com a força do vento, as vagonetas, chamaram a atenção dos novos moradores da cidade. Da comunidade Kaingang, de Ronda Alta, no noroeste do Rio Grande do Sul, Diomar Bento da Silva, 22 anos, pisou na areia da praia pela primeira vez, ainda surpreso com a aprovação no curso de Psicologia.

“Eu já tinha desistido, achei que não iam me chamar. Depois de três dias, me ligaram pra avisar que eu tinha passado. Nunca tinha visto o mar. É uma sensação boa, é bem bonito. As meninas colocaram a água na minha boca, é bem salgada. Queremos voltar aqui, mas quando sobrar tempo, né?”, disse.

Encantamento, também, de Camila Aparecida Terra Rosca, 21 anos. Criada na comunidade Quilombola de Colodiano, na zona rural de Mostardas - que possui cerca de 100 moradores -, não pensou que a adaptação seria tão rápida em Rio Grande.

“É um sonho. Somos do campo e conseguir passar em uma universidade gratuita, não é fácil. Deixei a minha filha com a minha mãe, é complicado, mas o apoio que a gente ganha aqui é muito bom. É uma família, na verdade”, salientou.

Patrick Ferreira Chagas, 20 anos, é do Quilombo Vó Elvira, que fica no distrito de Monte Bonito, em Pelotas, composto por cerca de 20 famílias. Mesmo com a curta distância dos familiares, o estudante de Administração agradeceu o carinho da Acolhida Cidadã. “É muito bom. Nesse começo ficamos perdidos e o pessoal ajuda bastante. Nas atividades que estamos fazendo tenho a sensação de que está caindo a ficha. Parece um sonho”, enfatizou.

A atividade teve como objetivo mostrar os principais pontos turísticos da cidade. Além da praia, os estudantes conheceram o Centro de Convívio Meninos do Mar (CCMar), o Museu Oceanográfico, a Ilha da Pólvora e o Centro Histórico de Rio Grande. 

A FURG, a partir das Políticas e Programas de Ações Afirmativas, possui matriculados 32 estudantes indígenas e 49 quilombolas. Em 2016, dois alunos indígenas e um quilombola concluíram a graduação. Em 2017, dois alunos quilombolas e um indígena outorgaram grau. De acordo com a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Daiane Gautério, mais do que acolher, a FURG está somando esforços para permanência dos alunos no ambiente acadêmico.

“Estamos focados para manter as políticas de permanência dos estudantes na universidade. E todo trabalho começa com a acolhida, desde aulas para noções em informática, conversas sobre acompanhamento pedagógico, informações sobre a universidade, até os passeios”, enfatizou.

 

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