Elas na feira - histórias de mulheres: Marisa Marco dos Santos

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passaram pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Marisa Marco dos Santos - 63 anos

[Minha infância] Foi boa. Éramos muitos irmãos criados em dois quintais, em dois terrenos. Foi bom. Ali a gente brincava só entre nós. Não tinha mistura com vizinhos. Na minha infância não podia brincar muito na rua. Era raro. O pai era muito severo. Acho que na época os pais eram bem severos. Mas foi tranquilo. Tinha uma madrasta. Entre nós, uns cuidavam dos outros. Eram muitos irmãos e uns cuidavam dos outros.

Eu não vivi muito isso [a adolescência]. A infância já foi bem rústica. Se fizesse algo errado apanhava. Eu com 15 anos já fui trabalhar. Quer dizer: “abaixa a cabeça e vai trabalhar que tem que ajudar em casa”. Trabalhei numa lojinha. Trabalhei no Bar da Tia, que foi uma mãe pra nós. A gente não teve mãe, tinha madrasta. Foi muito bom. Eu passei assim... Foi um aprendizado meio severo, mas que se tivesse essa criação acho que não tinha tanto vandalismo como tem agora. Não precisava castigar tanto. Mas eu me refiro à educação. Hoje em dia a mãe deixa o filho correr, deixa fazer o que quer.

“Eu adoro cozinha.”

Tive duas filhas. Tive três, mas uma morreu então tenho duas. Michele e Scarlet. Uma tem 42 e a outra tem 27. A de 27 já se formou, vai ser professora. As duas são porteiras na FURG. Eu adoro cozinha. Isso toda FURG sabe, que eu vendo meus lanchinhos de vez em quando. Faço comidinha quando posso. Eu gosto de cozinha. Claro, trabalho na limpeza. Trabalhei a vida inteira como doméstica porque não tive muito estudo, mas eu gosto é de cozinha.

[Se tivesse tido a oportunidade de seguir outra carreira] Acho que seria no rumo da educação. Sempre fui muito fanática com isso. Coloquei minha filha no magistério e ela braba comigo porque não era o que ela queria. Hoje ela diz que era, sim, o que queria só não sabia ainda. Acabou se encontrando.

[Para as pessoas mais novas] Eu diria assim... Não aconselho porque são mais novas. Não. Porque acho que isso não se dá. Vem com a vivência. Mas tinha que educar um pouco mais as famílias. Porque isso se perdeu. A mulher começou a trabalhar e esqueceu o filho em casa. E daí os filhos se desorientaram. Acho que foi um pouco perdido esse negócio de família. Acho que se perdeu.

“Sou fiel a tudo o que eu faço”

Eu adoro de ter contato com a juventude. Eu gosto de idoso, mas idoso que tem a mente aberta. Não gosto de idoso preconceituoso. E geralmente são. A minha vida... [Uma palavra para resumir a minha vida] Fidelidade. Eu sou fiel a tudo que eu faço. Esse é o meu rumo. Se eu tô numa entrevista de emprego contigo eu sou fiel àquilo que eu tô dizendo. No trabalho eu sou fiel. Claro que eu dou umas escapadinhas, mas o meu serviço é bem feito. Fidelidade. Eu acho que é isso. Me resumo nisso.

 

Foto: Karoline Avila

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