Elas na feira - histórias da mulheres: Lize Domingues

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Lize Domingues – 20 anos

Eu não tenho muito o que reclamar da minha vida. Eu sempre tive uma condição boa, então, quando eu era criança eu conseguia me divertir, conseguia ter realmente uma infância. Apesar de eu ter perdido um pouco da minha adolescência, porque eu tive um problema de saúde, eu passava mal e os médicos não sabiam o que eu tinha, e aí aquela preocupação e a minha mãe chorava, eu chorava, nessa época eu tinha 15 anos, bem na época, né, de querer fazer festa e querer ter os amigos na volta. Eu demorei um ano para ter o diagnóstico de intolerância à lactose. Nesse meio tempo, acabei desenvolvendo labirintite, acabei desenvolvendo outras doenças, que com o tempo eu consegui, graças a Deus, recuperar peso, recuperar tudo, e hoje eu tenho uma vida normal. Mas, infelizmente, a minha adolescência, um bom período ali, foi roubada, foi comprometida por esse pequeno problema.

“se a gente não lutar pelo que a gente quer, a vida passa”

Sempre disse pra minha mãe que eu sempre quis ser uma mulher independente, então quando tive a oportunidade eu tirei a minha carteira de motorista, quando consegui entrei para a faculdade, e eu sempre tive o sonho de fazer ciência, de ajudar as pessoas de alguma forma.  Como eu sabia que medicina não era muito, assim, a minha praia, fazer cirurgia, fazer essas coisas, ou ter o contato direto com as pessoas, mas ao mesmo tempo eu sempre quis ajudar as pessoas. Então eu pensei: como posso ajudar as pessoas sem ter o contato direto com elas necessariamente? Aí me veio a ideia da biologia, de estar sempre por trás da pesquisa, seja de doenças ou de qualquer outra coisa, mas ajudando tanto as pessoas quanto os animais, as plantas, o meio ambiente, ajudando a vida, assim, em si. Como eu tive esse período da minha vida que foi comprometido, eu comecei a ver a vida de uma outra forma. Eu vi que realmente, se a gente não aproveitar, ou se a gente não lutar pelo que a gente quer, a vida passa. E a gente pode perder isso.

“aprendi a dar valor às pessoas que estão na minha volta e que querem o meu bem.”

Então, quando eu tive esse problema foi quando eu comecei a dar valor para os meus pais, a olhar para eles e dizer bom dia, boa tarde, boa noite, agradecer quando eles fazem alguma coisa por mim. Porque, por mais que sejam meus pais, não é obrigação deles, afinal eu sou maior de idade. E mesmo assim eles estão ali sempre do meu lado. Então eu aprendi a dar valor às pessoas que estão na minha volta e que querem o meu bem. E aprendi que não tem que ficar batendo boca ou brigando com as pessoas que, por algum motivo, não se dão bem comigo. Pelo contrário: tenho que tratá-las bem, porque é tratando bem que tu recebe o respeito de volta. Se tu respeita a pessoa, ela vai te respeitar de volta, de alguma forma.

“eu gostaria muito de continuar fazendo pesquisa aqui”

Eu realmente espero que o Brasil melhore, para que eu consiga ter uma boa condição de vida aqui, porque eu gosto muito do Brasil, eu gostaria muito de continuar fazendo pesquisa aqui, apesar de ser bem difícil viver de pesquisa aqui no Brasil. E eu espero poder dar um bom futuro para os meus filhos e que seja aqui no Brasil. Eu queria muito que o Brasil conseguisse se estruturar o suficiente para conseguir ter uma boa educação, seja pública ou particular, mas que eu consiga, que todo mundo consiga ter uma vida digna, que consiga estudar, que consiga fazer uma faculdade, que consiga fazer o que queira, realmente, da vida, consiga atingir o que sonha para a vida.

 

Foto: Jaira Picanço

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