Projeto que une empresa e universidade aumenta produtividade na pesca

Um projeto que reúne pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e uma tradicional indústria pesqueira do município está apresentando resultados expressivos para o setor pesqueiro. O trabalho foi apresentado na tarde desta sexta-feira na Reitoria, para dirigentes da Universidade e das Indústrias Alimentícias Leal Santos, juntamente com a participação de pesquisadores e executivos no Foro Regional de Sustentabilidade do Atum, realizado no Equador. O projeto foi o único representante da pesca no Oceano Atlântico.

O professor Lauro Madureira, do Instituto de Oceanografia, apresentou os dados do projeto, que permitiu o aumento da produtividade na pesca do bonito (o atum de latinha) na costa gaúcha e redução na liberação de gases de efeito estufa pela redução de 30% no uso de óleo diesel nas embarcações. A empresa está enlatando atum com selo internacional de sustentabilidade. Antes do projeto, começado em 2010, as embarcações da empresa tinham de sair da costa gaúcha até o Rio de Janeiro para a captura do atum utilizando a sardinha como isca, o que estava tornando a atividade inviável. O projeto do IO/FURG viabilizou a substituição da sardinha pela anchoíta, produto pesquisado pelo Laboratório de Tecnologia Pesqueira e que existe em abundância na costa brasileira.

A pesca com vara e isca nas embarcações da empresa estava “com os dias contados”, conforme o diretor Alexandre Llopart, quando Madureira apresentou o projeto. Entre 2012 e 2013, foi decidido aprofundar a parceria entre indústria e universidade, buscando aumentar a eficiência da frota, localizando cardumes e utilizando modernas tecnologias e dados das pesquisas do IO/FURG. O resultado, segundo Llopart, foi a salvação da pesca de vara, uma atividade extremamente sustentável, conseguindo inclusive inibir a entrada dos chamados barcos cerqueiros, embarcações de grande porte que utilizam a rede de cerco. Essa pesca, além do atum, captura diversas outras espécies, como tartarugas, golfinhos e alguns tubarões.

O vice-reitor da FURG, Danilo Giroldo, se disse “emocionado” ao conhecer os resultados do projeto, e que a Universidade tende a crescer com as parcerias quando une o conhecimento gerado na Academia com o conhecimento dos setores produtivos. “Quem ganha com esse trabalho é o país”, disse Giroldo, convidando os industriais da pesca a se integrarem ao Parque Tecnológico Oceantec. A reitora Cleuza Dias reforçou o convite e se disse agradecida pela parceria que, segundo ela, qualifica todo o processo de busca de inovação e sustentabilidade. Destacou o trabalho dos estudantes de graduação e pós-graduação no projeto e parabenizou os pesquisadores e industriais pelo trabalho e pela divulgação da FURG.

Para o empresário Henrique José Leal Santos Vieira da Fonseca, o trabalho conjunto é muito bom, produtivo e fraterno. “Se não fosse por este trabalho, não estaríamos aqui conversando,” disse ele, “porque a atividade de pesca de atum estaria inviabilizada”. Ele disse que o atum produzido desta forma tem valor entre 20 a 30% mais alto no mercado internacional. Outro industrial presente, Torquato Pontes, lembrou o momento de dificuldades econômicas no Brasil, destacando que a interação técnica pode representar a saída para a indústria pesqueira, “não pelo que já foi, mas pela importância que pode vir a ter”.

O professor Stefan Weigert, também integrado ao projeto, lembrou o interesse não só do setor produtivo pela pesquisa, mas de outras universidades, onde o projeto tem sido apresentado, a convite de outros pesquisadores.

Participaram ainda da apresentação, pela FURG, o diretor do IO/FURG, Osmar Möller; o aluno de pós-doutorado Juliano Colletto e o procurador federal Cláudio Medina. Pela indústria Leal Santos, Carlos Augusto Vieira da Fonseca e Leonardo Files Dias. Ainda Hélio Pontes Neto e o presidente do Centro de Indústrias Paulo Edson Mello Pinho.

 

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