Profocap destaca histórias de vida para discutir identidade docente

Três professores, três histórias de vida e diferentes formas na construção da identidade docente. Esse foi o resumo da atividade realizada na manhã desta sexta-feira (9), pelo Programa de Formação e Qualificação Continuada de Professores (Profocap), em sua segunda etapa 2017.

Nilza Rita Lourenço da Fontoura, professora aposentada da área de Língua Portuguesa; Cleuza Maria Sobral Dias, pedagoga e hoje reitora da FURG, e Renato Duro Dias, da Faculdade de Direito e hoje pró-reitor de Graduação, reconheceram-se docentes em diferentes momentos e de formas diversas. Mas todos relataram suas experiências destacando a importância de atuar com amor, paixão e “olhar o outro”. Buscam, com isto, melhorar os processos de produção do conhecimento, de auto-avaliação, a relação com o outro e, no resultado, mudar o mundo. Para Nilza Fontoura, essa é uma das “funções” do professor.

PRAZER EM ENSINAR E APRENDER – Nilza Fontoura, professora de várias gerações de estudantes em Rio Grande, diz que só o amor justifica e plenifica a vida. “Sem ele, não fazemos nada”, assegura. Aprender, para a docente, é parte do ofício de ensinar, lembrando que cada professor ou aluno é único em seu fazer. “Quero ressaltar a importância do olhar. O outro tem que se sentir olhado, visto, enxergado. Só assim conseguiremos crescer juntos”. Nilza Fontoura, que também foi professora no Instituto de Educação Juvenal Miller e no antigo Colégio Técnico Industrial, relatou suas experiências como docente da FURG, as dificuldades dos primeiros anos na antiga Faculdade de Filosofia e finalizou apontando a importância de manter valores de amor, ternura, humildade e solidariedade.

DESAFIOS E FORMAÇÃO – Para a hoje reitora Cleuza Dias, o diálogo foi muito importante, porque a Pró-Reitoria de Graduação reconheceu em seus professores a história a ser partilhada. Lembrou que não escolheu cedo ser professora e que as condições que levam à profissão e à identidade docente vão se construindo, ao longo de “tempos”: “Há o tempo de escolha (da profissão), o tempo da formação e o tempo da construção da docência, que é contínuo”, disse. Lembrou o período de seis meses como professora universitária logo após a graduação, em que superou o desafio de enfrentar as primeiras turmas de alunos adultos (antes era alfabetizadora). Seguiu para o Mestrado e, ao retornar, ingressou por concurso na FURG, sendo diretora do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente, passando também pelo Doutorado. Por oito anos foi pró-reitora de Graduação e, desde 2013, reitora da FURG. Concorda que o olhar para o próximo é fundamental, porque permite que o professor se coloque no lugar do outro e assim se firmam as relações.

DIREITO DE SER PROFESSOR – Ouvir histórias de vida é fundamental para conhecer o universo em que nos encontramos no ensino superior  é a opinião do professor Renato Duro Dias. Ele relatou o quanto demorou para se identificar como professor. Primeiro optou pelo Direito e, por caminhos diversos, acabou atuando na sala de aulas. Lembra com perfeição um dia específico, em que, ao preencher ficha cadastral, não conseguiu dizer a primeira profissão, mas sim, respondeu: professor. Não teve experiência com ensino básico, mas diz que a relação afetiva com estudantes fazem parte de um “processo riquíssimo” de construção da identidade docente. “Humanizar-se é uma das palavras que mais procuro utilizar e hoje estou preparado para as mudanças que o olhar para o outro, reconhecer as nossas diferenças e suas potencialidades, trarão”. Para Duro Dias, o processo de construção da docência é fluido, dinâmico, mutável e, ao mudar, altera também o professor, o aluno e o mundo, retornando à função apontada pela primeira depoente.

Após as narrativas, o espaço foi aberto a questionamentos, com debates e troca de experiências entre docentes.

 

 

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