Paulo Freire, presente: fórum de estudos celebra legado freireano

O 19º Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire, que começou nesta quinta-feira (1º), reúne participantes de todo o Rio Grande do Sul em torno do debate sobre a contribuição e a atualidade do pensamento do educador brasileiro. Na noite de abertura, a Mística das Bandeiras integrou o público no saguão do Cidec-Sul, seguida pela Mesa de Saudações, que deu início aos trabalhos e fez presente, em ideias, sentidos e afetos o homenageado. Saudaram os participantes a reitora da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Cleuza Maria Sobral Dias, a secretária adjunta de educação do município, Neci Coelho, a professora Olga Bonato, representando a 18ª Coordenadoria Regional da Educação, o diretor do IFRS – Campus Rio Grande, Alexandre Machado, o pró-reitor de Extensão e Cultura da FURG (Proexc), Daniel Prado, a diretora do Instituto de Educação da FURG (IE), Maria Renata Mota, a diretora do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic/FURG) e o coordenador da comissão organizadora local do evento, Vilmar Pereira.

Sob o tema “Reinventando Paulo Freire na atualidade: pedagogias na luta contra as opressões”, o evento dá continuidade ao trabalho de várias instituições de ensino superior no Rio Grande do Sul, tendo a obra do educador como fonte inspiradora. Esta edição foi organizada por seis universidades, Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) e FURG, e contou com 25 parceiros locais, entre instituições de ensino, sindicatos, núcleos e coletivos. Oportunidade de reflexão e discussão sobre temáticas relevantes no campo da educação popular freiriana, o fórum recebeu 717 inscrições, totalizando 430 trabalhos, dos quais mais de 300 produzidos a partir de escolas públicas de Rio Grande.

 Nos “20 anos de ausência física de Paulo Freire, buscamos nesta edição em sua lembrança, reunir aqui intelectuais, ativistas de movimentos sociais, pessoas de diferentes contextos que acreditam na educação popular e na concepção freireana como modo de ser, de pensar, de estar e de integrar o mundo”, contextualizou, Vilmar Pereira. Em tempos de crises generalizadas, “reesperançar é necessário”, ressaltou o coordenador.

“Paulo Freire não é só um símbolo inspirador, é de fato a alma de muitos de nós educadores sociais da América Latina”, afirmou Daniel Prado. Para Débora Amaral, o fórum é em si um ato de resistência, por sua permanência e realização, é uma prática de esperança. “Quando as pessoas se reúnem, quando elas saem das suas particularidades para pensar de forma coletiva, isso produz esperança, uma esperança que nos move, que nos desacomoda. Nosso grande desafio hoje é sair de nossas particularidades e construir cada vez mais sonhos e práticas coletivas”, avaliou a diretora do Caic. A diretora do IE, Maria Renata Mota recordou da vinda de Paulo Freire à FURG na década de 80 para uma atividade promovida pelo DECC, hoje instituto de Educação. Um dos registros dessa visita está em exposição não saguão do Cidec durante o evento.

Recém-chegada de Brasília, onde esteve em defesa da universidade, Cleusa Dias falou da emoção por participar do momento especial que o fórum significa. “Ter vivido [em Brasília] um ambiente que, infelizmente, hoje é pesado e sem grandes esperanças, trabalhar para manter a universidade pública que queremos, e chegar aqui e ver essa multiplicidade de culturas, de sentimentos, de saberes expressos em várias ações, sorrisos, palavras, abraços, em materiais e objetos que estão expostos, isso é que nos dá energia e nos faz acreditar na possibilidade de mudança”, considerou a reitora. “Num país como o Brasil, manter a esperança é um ato revolucionário, disse Paulo Freire, e a esperança está aqui”, concluiu.

Depois das saudações da mesa, houve a mesa de debate com representações de onze movimentos sociais. Na sexta-feira (2), pela manhã, estão previstas as rodas de conversa com apresentações de trabalhos. Em parceria com a Secretaria da Pesca, no almoço será servida tainha, preparada por pescadores artesanais da cidade. À tarde, a programação conta com sete Salas de Escutatórias, que vão discutir gênero, preconceito, transfobia, luta pela sobrevivência do pescador artesanal, luta pelo trabalho e a questão dos desempregados do polo naval, histórias de pesca e de pescadores, histórias do Senegal, luta pela vida e histórias de dependência química.

As atividades terminam no sábado (3), com a participação da convidada especial professora Maria Tereza Esteban, que receberá placa em homenagem a Regina Leite Garcia, uma das maiores educadoras populares do país. Em seguida haverá a leitura da carta que sintetiza os trabalhos do fórum e a marcha temática Escola Pública, Escola sem partido. O evento tem transmissão ao vivo pela FURG TV, nos canais 15 da NET (digital), 6 (analógico) e 7 da Blue.

Acompanhe a programação do 19º Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire.

 

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