Pesquisa avalia estresse, dores e saúde vocal de TAEs da FURG

Em 2016, o professor e pesquisador da Faculdade de Medicina (Famed), da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Samuel Dumith, iniciou uma pesquisa com os Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) e docentes da Instituição com intuito de avaliar o estresse, dor osteomuscular e saúde vocal dos servidores. A pesquisa contou com a participação de 717 servidores públicos da FURG, representando 36,6% do número total dos servidores.

Os participantes foram, em sua maioria, do sexo feminino (60%), na faixa etária entre 30 e 49 anos (66%), desempenhando a função de técnico na universidade (55%) há menos de 10 anos na instituição (64%). Mais da metade dos servidores (61%) relataram realizar os exames médicos periódicos oferecidos pela universidade.

Os dados referentes à presença dos sintomas osteomusculares apontaram que a região do corpo com maior ocorrência de relato de dor é as costas. Mais da metade dos participantes sentiram dor na coluna no último ano, sendo que um terço (33%) referiram sentir dor nas costas na última semana. Quando questionados se esta dor impediu a realização de alguma atividade, 22% afirmaram que sim. De acordo com a pesquisa, aproximadamente 30% dos respondentes consultaram por causa de dor nas costas, principalmente na região lombar.

De acordo com o pesquisador, outra informação importante é de que, levando-se em consideração todas as regiões anatômicas estudadas (pescoço, ombros, costas, mãos/punhos, quadril, joelhos, pés/tornozelo), quase todos os servidores (86%) informaram ter sentido dor em alguma destas regiões no último ano. Mais de dois terços (70%) teve relato de dor na última semana. O impedimento para realizar alguma atividade devido a dor acometeu quase metade da amostra (46%) e mais da metade (58%) precisou procurar algum profissional de saúde por motivo desta dor.

Segundo a pesquisa, foi possível verificar a relação do estresse com a dor osteomuscular. Comparando a pesquisa realizada com docentes em 2015 e com os técnicos em 2016, quanto maior o nível de estresse, maior foi a prevalência de dor nas regiões estudadas. Para as regiões da coluna cervical e lombar, a associação com estresse foi mais forte entre os técnicos administrativos. Para a região do joelho, a associação com estresse foi mais forte entre os docentes. Já para a região das mãos e pés, a associação foi mais forte entre os participantes com 50 anos ou mais de idade e para aqueles com período de trabalho igual ou maior a 10 anos na universidade.

Com relação à saúde vocal, Samuel destaca que, quanto maior o tempo de serviço (em anos), pior foi a saúde vocal. Os servidores que atuavam há 10 anos ou mais na instituição apresentaram maior frequência de sintomas vocais. Essa associação entre maior tempo de trabalho e pior saúde vocal foi mais forte para os servidores do sexo masculino e para os técnicos administrativos em educação. Chamou atenção do pesquisador de que os servidores com maior nível de estresse foram aqueles que apresentaram menos sintomas vocais. Samuel também salienta que para os docentes com menos de 40 anos, aqueles que não fazem exames médicos periódicos na universidade apresentaram pior escore de saúde vocal.

Sobre a pesquisa

A pesquisa com os TAEs foi uma continuação de um estudo anterior, conduzido em 2015 com docentes da FURG. Porém, a pesquisa de 2016 foi ampliada também para os técnicos administrativos em educação e incluiu os servidores dos campi de todos os municípios, além do de Rio Grande. A coleta dos dados foi conduzida pela acadêmica de medicina e bolsista de iniciação científica do CNPq, Letícia Almeida, sob coordenação do professor Samuel Dumith.

O objetivo principal do projeto foi investigar a associação entre a percepção de estresse e dor osteomuscular. Como objetivo secundário, foi escolhido analisar a saúde vocal dos servidores da FURG. A metodologia empregada para coleta dos dados foi a mesma do estudo anterior, em que todos os servidores da FURG receberam, por e-mail, um convite para participar da pesquisa contendo um link que remetia ao questionário, gerado pelo Google Docs. A coleta dos dados ocorreu no mês de outubro do ano 2016.

 

Assunto: Arquivo