Integrada à programação da 2ª Mostra Cultural Quilombola, promovida pelo coletivo quilombola da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), foi realizada, nesta quinta-feira (11) um encontro para indicação dos cursos de graduação que serão ofertados no processo seletivo específico de 2017 da Universidade. Reuniram-se as lideranças dos quilombos da região e estudantes da FURG, que junto com as Pró-Reitorias de Graduação (Prograd) e de Assuntos Estudantis (Prae), discutiram sobre o processo seletivo, tiraram dúvidas e também apresentaram sugestões.
Anualmente a FURG promove processos seletivos específicos para quilombolas e também indígenas, com caráter independente do Sisu, através da oferta de vagas extras e exclusivas a essas comunidades, com abrangência nacional e foco na primeira graduação dos candidatos. Esses processos integram o Programa de Ações Afirmativas (Proaaf) da FURG, que articulado com o Programa de Desenvolvimento do Estudante (PDE), busca democratizar o ingresso e dá atenção também na permanência de estudantes na Instituição, com respeito às características culturais.
No total, serão oferecidas dez vagas para os quilombolas e os cursos são escolhidos de acordo com a demanda recebida pelas lideranças das comunidades. Segundo o coordenador de processos seletivos da Prograd, Ricardo Giacobbo, o contato direto com eles garante que o processo seja efetivo e consciente, buscando preencher na totalidade as vagas apresentadas. Para Paulo Barbosa, do quilombo de Piratini e pai de um estudante quilombola do curso de Engenharia de Alimentos, é “um prazer muito grande ter um filho cursando a faculdade, ainda mais na FURG”. Barbosa reforça o ideal de que a educação deve ser incentivada desde a infância e a partir do Programa da Universidade ele encontrou uma oportunidade para o filho ter acesso ao estudo.
Os representantes dos quilombos apresentaram 13 sugestões de cursos, por ordem de preferência, que irão o compor o processo seletivo específico de 2017: Medicina; Direito – diurno; Enfermagem; Psicologia; Educação Física; Engenharia Mecânica; Engenharia de Alimentos; Pedagogia – diurno; Ciências Contábeis; Engenharia Civil; Biologia – Licenciatura; Letras – Português e Economia. Agora, os cursos passarão por aprovação das Coordenações e após, o Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Administração (Coepea) selecionará os dez que irão compor o processo seletivo.
Giacobbo destacou a análise dos documentos dos inscritos, que é um processo rigoroso, para garantir a transparência e seriedade do processo. Segundo ele, os participantes devem comprovar o vínculo de pertencimento às comunidades no território nacional e apresentar, entre outros, a declaração ou certidão administrativa de nascimento expedida pela Fundação Cultural Palmares, junto a uma declaração original de membro do quilombo, assinada pelo presidente da Associação do Quilombo.
Durante a reunião, a coordenadora de Ações Afirmativas, Daniele Jardim, abordou também os auxílios que são assegurados aos acadêmicos quilombolas ingressantes pelo Programa. Os benefícios envolvem moradia, alimentação, transporte, auxílio pré-escola e bolsa permanência oferecida pelo Ministério da Educação (MEC), com observação às instruções normativas de cada benefício. Para encerrar o encontro, foi realizada uma apresentação musical do estudante quilombola Rogério Soares, com a música Negro Zumbi, da Leci Brandão.
