Ceamecim comemora 35 anos com programação voltada às escolas públicas

Debora Klein e Rosane B. Leite

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A integração da comunidade acadêmica com a comunidade escolar: é o que busca, há 35 anos, o Centro de Educação Ambiental, Ciências e Matemática da Universidade Federal do Rio Grande (Ceamecim/FURG). Em alusão à data comemorada na sexta-feira (10), uma série de atividades envolvendo as áreas trabalhadas pela instituição foi programada, para alunos de 11 escolas do Município. Entre os visitantes, a reitora Cleuza Dias prestigiou as comemorações, destacando a importância dos trabalhos do Ceamecim na formação de professores da rede pública local e na popularização da ciência.

O centro iniciou suas atividades em 1981, como um "Clube de Ciências" voltado ao público infantil. Devido à grande procura, ao longo dos anos o clube cresceu e hoje trabalha com formação inicial, com cursos de licenciatura em Química, Física, Biologia e Matemática, e formação continuada, com os professores e alunos das escolas públicas. Ainda ocorrem atividades de ensino, pesquisa e extensão. As ações do Ceamecim contribuem para a ampliação de oportunidades educacionais e de acesso a processos de formação e qualificação, compartilhamento de conhecimentos e ampliação de oportunidades educacionais.

Além da formação, existe o uso cooperativo de materiais por meio da Central de Empréstimo. No espaço, as escolas têm a possibilidade de adquirir materiais emprestados, como microscópios, reagentes químicos, modelos do corpo humano, animais em resina, livros, revistas, vídeos e jogos. O centro oferece, ainda, uma visita a exposição do corpo humano, que tem agendamento prévio pelas escolas, e o Ônibus da Ciência que, 15 em 15 dias, visita as instituições de ensino com materiais científicos e experimentos. 

A cada cinco anos uma comemoração diferente é organizada para o aniversário do centro. Neste ano, de acordo com a coordenadora do Ceamecim, Paula Ribeiro, as atividades visaram o principal foco de trabalho diário, as crianças. "Acho que o principal é eles pensarem na Universidade para todos e que logo ela também será espaço deles", afirma Paula. 

Comemoração

“O corpo humano nos aspectos fisiológicos e neurológicos na perspectiva dos medos, das fobias e estresses” foi uma das primeiras atividades realizadas ao longo da sexta-feira. Ela foi idealizada de aluno para aluno: um grupo de jovens que cursam o ensino médio na escola Dr. Augusto Duprat comandou a atividade para os demais participantes de outras escolas. De acordo com Stefany Rosa, 15, a ideia iniciou na sala de aula, quando o professor de Biologia Odair Soares os questionou sobre medos. "Nós nos interessamos e na feira de ciências montamos uma Casa do Terror para alunos maiores de 10 anos", conta.

A atividade funciona da seguinte maneira: os visitantes chegam e coletam dados sobre pressão arterial e batimentos cardíacos. Após, eles são convidados para entrar na sala, onde alunos do ensino médio estão caracterizados de personagens que instigam o medo, como palhaços e zumbis. Ao sair da casa, os dados dos visitantes são coletados novamente. O professor Soares conta que foram trabalhados os sistemas nervoso e endócrino, para que os estudantes compreendessem seu funcionamento antes da atividade. "Analisamos depois, em sala de aula, como a influência externa atinge o corpo, em uma sociedade na qual é comprovado cientificamente o alto índice de doenças como depressão e ansiedade, coisas que antes não existiam", conta.

Na área da matemática, o espaço "Jogar para Matematicar", contemplou os estudantes do 6º ano. Na sala, eles participaram de jogos lúdicos que trabalharam as quatro operações: divisão, soma, subtração e multiplicação. De acordo com a professora Débora Laurino, os alunos têm resistência em aprender matemática e jogos podem instigar este lado. O ônibus do Núcleo de Tecnologia Educacional do Município também trabalhou o viés matemático com os alunos. Com 22 crianças durante a manhã, os jogos nos computadores trabalharam com as quatro operações.

A questão ambiental também esteve em pauta. Com a oficina "Educação Ambiental e Filosofia para crianças e jovens", os participantes tiveram que construir um avatar, utilizado em jogos virtuais, com materiais reciclados. Com o avatar pronto, os alunos encontraram três situações de problemas ambientais, tanto no meio rural quanto na cidade, e deveriam identificar como o avatar poderia combater os problemas. A atividade visou a reflexão de como as crianças estão inseridas na natureza e devem preservá-la. 

O ônibus 'Viajando com a Ciência' também recebeu os estudantes. No local eles conheceram sobre animais e maneiras de respeitá-los, com exposição de animais conservados e resina; tiveram a oportunidade de observar experimentos sobre efeito estufa; e, também, estavam à disposição microscópios com células do corpo humano e de animais.

Robô, Física e Sentidos – outras três atividades atraíram a atenção de crianças e jovens. O robô apelidado imediatamente de “Wally” fez sucesso entre pequenos. Foi construído pelo acadêmico de Engenharia Mecânica Empresarial Malcom Madia com a apoio de materiais obtidos com ajuda da equipe de Marcenaria da FURG. Ele “fala”, “anda”, abre olhos e boca. Feito com espuma EVA e materiais inservíveis de setores da FURG, como sucata de computadores, interagiu com as crianças na recepção do Ceamecim. 

No mesmo espaço, um show de Física apresentado por acadêmicos de Licenciaturas mostrou inúmeras atividades que envolvem movimento, força e velocidade, explicando estas ações junto aos corpos e objetos. Outra sala apresentou aos visitantes a Trilha dos Sentidos, trabalho também premiado na feira de ciências, nível Ensino Fundamental. Alunos apresentam a outros estudantes experiências sensoriais de tato, olfato, paladar, visão, audição.

Estiveram presentes as escolas professor Valdir de Castro, São João, Anselmo Dias Lopes, João de Oliveira Martins, Roque Aíta, Antônio Carlos Lopes, Manoel Mano, Marcílio Dias, Wanda Rocha e a Escola Cidade do Rio Grande (Caic). A pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) apoiou as atividades.

 

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