Saúde de indígenas e quilombolas é tema de seminário estadual na FURG

Tammie Faria Sandri,

tammiefaria@furg.br 

Durante três dias, profissionais e acadêmicos partilham experiências sobre o cuidado com a saúde nas comunidades indígenas e quilombolas. A proposta para a realização do 1º Seminário Estadual de Saúde das Comunidades Tradicionais partiu de discentes do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), tendo, entre as motivações, os desafios enfrentados na prática de ações inclusivas, a partir de processos seletivos específicos para essas comunidades, na FURG, desde 2010.

No Auditório da Área Acadêmica do campus Saúde, cerca de 250 participantes contam com a oportunidade de ouvir representantes indígenas e quilombolas sobre o cuidado integrado em saúde.  Desde a quinta-feira (9), até o sábado (11), lideranças, ativistas e acadêmicos, oriundos dessas comunidades, unem vozes em rodas de conversa, para promover reflexões sobre o tema, além de discutir a identidade cultural de acadêmicos de Medicina.

Integrando a organização do evento, os acadêmicos Cleisson de Matos Ferreira, indígena Kaygang, e Dandara Amaral, do Quilombo Macanudos, destacam a importância do seminário para o intercâmbio de conhecimentos e para a formação de médicos, principalmente, considerando a futura atuação junto a públicos de diferentes culturas. “A questão da saúde integral, do olhar para a pessoa, as comunidades tradicionais sempre fizeram”, ressalta Dandara, contando que, dentro dos terreiros, pais e mães de santo tratam do tema não somente no aspecto espiritual, mas na orientação por cuidados junto a profissionais de saúde.

Para Cleisson, a programação do evento permitirá aos que atuam diretamente nas comunidades repassar suas vivências para aqueles que pretendem trabalhar com a questão indígena e quilombola depois de formados. “As políticas da FURG abrangem esse papel, de trazer as comunidades para partilhar suas vivências”, reforça. Ele destaca que também há espaço para discussão sobre as dificuldades enfrentadas por integrantes dessas comunidades na adaptação à vida na Universidade, depois de aprovados nos processos seletivos. No sábado de manhã, a roda de conversa terá a presença, entre os convidados, da primeira médica Kaygang formada no Rio Grande do Sul, Lucíola Maria Inácio Belfort.

Também pela organização do evento, a formanda Mayara Floss e o professor da Faculdade de Medicina, Obirajara Rodrigues, afirmam que o objetivo é exatamente dar voz a essas comunidades para aprender com elas. De acordo com a reitora Cleuza Dias, presente na solenidade de abertura do evento, na noite de quinta-feira (9), o seminário é um momento muito importante para a FURG, pois representa a transformação da Universidade, desde o pequeno grupo de gestores e servidores que projetaram o Programa de Ações Inclusivas (PROAI), até a realidade atual de 63 matriculados, entre quilombolas e indígenas.

O curso de Medicina da FURG hoje conta com cinco indígenas e cinco quilombolas matriculados e a Universidade, nesse ano, terá formado os primeiros acadêmicos dessas comunidades, nos cursos de Enfermagem e Psicologia.

 

Galeria

Assunto: Arquivo