Pesquisa da FURG sobre a qualidade da água na foz do Rio Doce é apresentada em Brasília

Jandré Batista

jandrecorrea@furg.br

Pesquisa em desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) sobre os impactos ambientais na região da foz do Rio Doce foi apresentada nesta quarta-feira (30), ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). O estudo da FURG, realizado a convite do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ambiental do Governo Federal, investiga os parâmetros de qualidade da água após o rompimento da barragem de rejeito de minério em Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015. Os resultados preliminares da investigação conduzida no Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da FURG, sob a coordenação do professor Adalto Bianchini, sugerem a incidência de metais, acima do percentual previsto pela legislação, em amostras coletadas na região costeira.

A pesquisa da FURG colabora com uma das linhas de ação, sob a responsabilidade ICMBio: o monitoramento e avaliação de impacto ambiental na região costeira e marinha. O Instituto está incumbido de realizar a avaliação de qual é o estado da qualidade da água, com o objetivo de preparar o programa de monitoramento a longo prazo para a recuperação da área atingida. A contribuição da pesquisa da FURG é identificar a presença de materiais tóxicos na água e se esses elementos são incorporados aos seres vivos, nos diferentes níveis da cadeia alimentar.  

Em janeiro, o ICMBio organizou expedição para a coleta de amostras durante dez dias: do Sul do Espírito Santo (Costa das Algas) ao Sul da Bahia (Abrolhos). Além dos técnicos do ICMBio, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e as Universidades Federais do Rio Grande (FURG) e do Espírito Santo (Ufes) participaram do trabalho de campo. Na oportunidade, também foram colhidos materiais para análises da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Na FURG, são estudadas cerca de mil amostras (material biológico de diferentes peixes, crustáceos, zooplâncton e outros invertebrados), coletadas em 13 estações de monitoramento. As instituições envolvidas apresentarão dados sobre o fundo (sedimento), coluna de água e material biológico que, em conjunto, construirão um panorama para avaliar o impacto ambiental da região.

As amostras estão em processamento nos laboratórios do ICB, sob a coordenação do professor e participação de cerca de 20 estudantes de mestrado e doutorado e pesquisadores em nível de pós-doutorado. Os resultados preliminares, apresentados na reunião em Brasília, conforme Bianchini, "sugerem que a foz do rio doce contribui com um aporte de metais para a região costeira e que alguns destes se encontram com os níveis que suscitam novas investigações e preocupações". Os dados serão aprofundados, com o processamento das mostras e a realização de nova expedição, para avaliar se esses níveis estão associados ou não ao desastre ambiental. "Os outros grupos de pesquisa que fazem parte do trabalho ajudarão a responder essas questões. Estamos nos cercando de todos os cuidados que a técnica e a Ciência exigem", esclarece. Na pesquisa da FURG, é investigada a contaminação da água por um grupo de metais: arsênio, cromo, cádmio, cobre, manganês, ferro, silício e chumbo.

 

Assunto: Arquivo