Jandré Batista
jandrecorrea@furg.br
Em busca de compartilhar ideias e encontrar soluções administrativas para as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), as Universidades Federais do Rio Grande e de Pelotas (FURG e UFPel) receberam cerca de 120 gestores de diversas instituições do País para o primeiro encontro de 2016 do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Planejamento e Administração (Forplad), órgão vinculado à Associação dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). A abertura do encontro, realizada na tarde de terça-feira (8), em Pelotas, no Hotel Jaques Georges Tower, contou com a apresentação institucional dos reitores da FURG, Cleuza Dias, e da UFPel, Mauro Del Pino. As atividades seguirão até a noite de quinta-feira (10).
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Na abertura do evento, a reitora da FURG contextualizou as características institucionais da Universidade, seus projetos e as principais políticas de gestão. "A FURG tem uma identidade voltada para os ecossistemas costeiros e oceânicos. Desde a sua origem, é uma Universidade com vocação para as questões locais, regionais", ressalta. Uma síntese da proposta de diversos projetos e unidades acadêmicas e administrativas foi apresentada aos participantes, como o Centro de Convívio Meninos do Mar (CCMar), o Museu Oceanográfico, o Parque Tecnológico Oceantec, a Feira do Livro da FURG, o Centro Integrado de Desenvolvimento Costeiro e Oceânico (Cidec-Sul) e o Centro de Educação Ambiental, Ciências e Matemática (Ceamecim).
As ações da Universidade têm como base o Projeto Pedagógico Institucional (PPI 2011-2022), mantido como objeto de constante reflexão na formulação dos Planos de Desenvolvimento Institucional (PDIs), previstos para cada quatro anos. Em 11 de dezembro de 2015, o Conselho Universitário (Consun) da FURG aprovou o PDI 2015-2018, após intenso processo de consulta às comunidades interna e externa. "São 29 programas que integram as ações estratégicas de todas as unidades acadêmicas. Nós nos encontramos enquanto Universidade nesses programas, que foram pensados e elaborados a partir de todas as unidades administrativas e acadêmicas e da sociedade", conta.
Sobre o atual momento da FURG, a reitora destacou o processo de expansão da Universidade, desde a implantação do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), responsável por permitir a interiorização do acesso ao Ensino Superior na FURG. Atualmente, a Universidade possui três campi fora de sede, com identidades definidas, nos municípios de Santa Vitória do Palmar, São Lourenço do Sul e Santo Antônio da Patrulha. "Triplicamos o número de cursos e estudantes. Isso se reflete até hoje no desenvolvimento da Universidade, no crescimento da pós-graduação, do Ensino, da Pesquisa e da Extensão", comemora, ao reafirmar a orientação institucional pelo respeito à diversidade, em alinhamento às recentes políticas públicas do Governo Federal.
Compromisso Social da Universidade
A professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Maria Isabel da Cunha, trouxe para o Fórum reflexões sobre as recentes transformações do acesso às universidades federais e a importância de o discurso pedagógico motivar a atuação institucional. Os temas foram tratados na palestra de abertura "Compromisso Social e Qualidade Acadêmica: o Desafio da gestão das Universidades Públicas".
Conforme explica, as instituições públicas, historicamente, sustentaram a meritocracia como referente para balizar o ingresso ao Ensino Superior: estudantes de melhores condições econômicas conquistavam os espaços universitários, em detrimento dos que não tiveram, ao longo da vida, as mesmas oportunidades. Com a implantação da política de ações afirmativas, a democratização passa a ser uma de suas características principais dessas instituições. Até o processo de democratização, o conceito de "público" na Universidade estava restrito à gratuidade. "A universidade tem toda a sua ação relacionada aos interesses públicos. Isso perpassa pela produção de conhecimento, pela base epistemológica", compara. A democratização do acesso à Universidade é acompanhada, atualmente, de outro medidor de qualidade: a internacionalização. Por receber acadêmicos que se afastam da lógica meritocrática, a relação entre os dois referentes é, muitas vezes, de difícil conciliação; um dos desafios para a constituição de políticas públicas.
Maria Isabel defendeu a necessidade de orientação de todas as ações da Universidade pelo mesmo discurso pedagógico. Essa concepção implica nos aspectos administrativos e orçamentários: ao superar a visão de ensino como a passagem do conhecimento de uma geração para a outra (assumindo, dessa forma, uma concepção de aprendizagem que considere o trabalho independente como elemento curricular), os espaços de sala de aula perdem a sua essencialidade. Em vez de aulários, os investimentos em espaços de permanência na instituição, como laboratórios e bibliotecas, tornam-se prioridade. "O discurso do projeto pedagógico tem consequências na prática cotidiana da universidade. Somos todos implicados por ele. O exercício do projeto pedagógico é adjetivar o que é qualidade", conclui.
