"Educação do e no Campo" é tema de Seminário da FURG em São Lourenço do Sul

O campus da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) em São Lourenço do Sul recebe em 27 e 28 de novembro pesquisadores, gestores públicos da área de educação, professores, estudantes, integrantes do movimentos sociais e de comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, pescadores, para o 3º Seminário Educação do Campo da região sul do Rio Grande do Sul: "Práticas Pedagógicas das Escolas do e no Campo". Na programação do evento, estão previstos painéis, exposições, apresentação de trabalhos, mostras culturais, oficinas e feiras de economia solidária. As atividades são realizadas no campus da FURG em São Lourenço do Sul e na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Na abertura do Seminário, na manhã de sexta-feira (27), a reitora da FURG, Cleuza Dias, destacou o movimento de expansão FURG em São Lourenço do Sul, que conta desde 2010 com campus fora de sede. A Universidade, conforme explicou, no contexto das políticas do Governo Federal de interiorização do acesso ao Ensino Superior, tem ampliado a sua atuação, com o compromisso de promover o desenvolvimento regional e proporcionar mais qualidade de vida às comunidades. "A FURG, assim, cumpre o seu papel social", explica. Recentemente, a Universidade está em processo de direcionamento de suas atividades para outra área, mais ampla, atualmente em fase de desapropriação pelo município, o que permitirá a expansão das atividades do campus. Sobre o Seminário, Cleuza Dias considerou "exemplar" a sua forma de condução, por estabelecer relações horizontais entre os saberes acadêmicos e tradicionais. "Se propomos debater currículos da Educação do Campo, temos de ouvir as comunidades, interagir com os saberes populares", elogiou. Durante a cerimônia de abertura, movimentos sociais e representantes de comunidades tradicionais, como pescadores, agricultores e quilombolas, apresentaram elementos típicos de suas culturas e símbolos de suas lutas sociaisA coordenadora do evento, Berenice Vaniel, relatou que o Seminário, organizado em colaboração com diversas instituições e movimentos sociais, foi criado no contexto de combate ao avanço de políticas neoliberais sobre a Escola. "O evento nasceu como resistência frente à exploração do trabalho e da natureza, contra o fechamento das escolas públicas no campo", contextualizou. As primeiras edições regionais e internacionais do Seminário foram realizadas, respectivamente, nas Universidades Federais de Pelotas (UFPel), de Santa Maria (UFSM) e do Pampa (Unipampa), em 2012, 2013 e 2014. Nesses eventos, discutiu-se acerca de educação, memória e resistência popular na formação social, projetos de escola do campo e estratégias políticas e pedagógicas de intervenção. Também ressaltaram a importância do Seminário de Educação do Campo para a realidade regional, na cerimônia de abertura, o diretor do campus da FURG em São Lourenço do Sul, Eduardo Volgemann, o diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da FURG, Adalto Bianchini, e a secretária municipal de Educação, Cultura e Desporto, Fernanda Bork. Após, realizou-se o painel "Teoria e Prática na Escola no/do Campo", com a participação do representante do Movimento Sem Terra (MST), Adalberto Martins, do professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jairo Bolter, e da professora da Universidade de Brasília (UNB), Clarice dos Santos. Durante as discussões, o representante do MST defendeu a necessidade de politização dos espaços escolares como forma de resistência ao avanço da lógica de mercado sobre a Educação. "Não basta o elemento crítico, a escola tem de se posicionar politicamente", diz. Em seguida, Jairo Bolter apresentou a contextualização histórica do surgimento da Licenciatura em Educação do Campo como política governamental, e teceu críticas quanto à descaracterização dos estudantes matriculadas e à visão segmentária, disciplinar, de parcela expressiva de professores que atuam nesses cursos. "Não se faz a interdisciplinaridade entre quatro paredes. Os laboratórios são a vida e os ideais do campo", argumenta, ao comparar as abordagens de ensino limitadas ao espaço de sala de aula àquelas que incluem a realidade cotidiana dos acadêmicos. Já a professora Clarice dos Santos, amparada nos ideais do filósofo István Mészáros, comentou sobre os aspectos históricos da subordinação da Educação aos interesses dominantes e condenou as políticas de acesso ao Ensino Superior que se baseiam no conceito de meritocracia, considerado pela professora como "criminosas". "Ao longo do séculos, a Educação se rendeu ao sistema do capital. Precisamos de uma Educação para além do capital", explica. A programação da tarde inclui painel sobre a gestão dos processos escolares, também com professores de instituições públicas e representantes de movimentos sociais. Ao longo do evento, diversas manifestações culturais, com músicas e danças típicas, intercalaram as atividades. À noite, foram ministradas oficinas sobre teatro; plantas aromáticas; cultura africana na Educação do Campo; origem dos alimentos; e expressão artística como forma de resistência feminista. No sábado (28), estão previstas apresentações de trabalhos, palestras, exposição de vídeo sobre o "Homem do campo" e sessão de autógrafos do livro "Vozes do Campo: ressignificando saberes e fazeres", organizados por professores da FURG. A programação completa está disponível em http://educacaodocampo.furg.br/.Curso de Licenciatura em Educação do CampoAs atividades do curso de Licenciatura em Educação do Campo – Ênfase em Ciências da Natureza e Ciências Agrárias iniciaram-se em 2014 no campus da FURG em São Lourenço do Sul. A Licenciatura objetiva formar professores para atuação na Educação Básica em escolas do campo, no Ensino Médio e nas séries finais do Ensino Fundamental, e na gestão de processos educativos que levem em conta as características culturais e necessidades desses sujeitos. O currículo do curso é organizado em etapas formativas que alternam o tempo escolar e o em comunidade. Para ingresso em 2016, são oferecidas 120 vagas, via processo seletivo específico. Os interessados deverão se inscrever na secretaria do campus de São Lourenço do Sul até 2 de dezembro de 2015. Mais informações estão disponíveis em http://www.coperse.furg.br ou podem ser solicitadas pelo endereço educacaodocampo@furg.br ou pelo telefone (53) 3251-3933.

 

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Participação da reitora da FURG, Cleuza Dias, durante a cerimônia de abertura

Participação da reitora da FURG, Cleuza Dias, durante a cerimônia de abertura

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