Navio da Furg inicia cruzeiro para avaliar estoques de sardinha

O navio oceanográfico Atlântico Sul, da Furg, está realizando, desde 11 de janeiro, um cruzeiro ao longo do litoral dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O objetivo do cruzeiro, que encerra em 2 de fevereiro, é avaliar os estoques de sardinha neste litoral. A Furg coordena o trabalho de pesquisa através do professor Lauro Saint Pastous Madureira, do Departamento de Oceanografia, em contrato com o Ibama/Ministério do Meio Ambiente e parceria com o Centro de Pesquisa e Gestão Pesqueira do Litoral Sudeste Sul (Cepsul) e o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP).

Este cruzeiro, denominado Ecosar, integra o Plano de Gestão da Sardinha - elaborado pelo Subcomitê Científico que assessora o Comitê Nacional coordenado pelo Ibama e descreve a proposta e todo o processo que será desenvolvido para recuperar o estoque e garantir o uso sustentável do recurso sardinha-verdadeira no Brasil.

Segundo o professor Lauro Madureira, uma avaliação atualizada do estoque desovante de sardinha é necessária para o ordenamento e manutenção da pesca. A técnica escolhida consiste na metodologia denominada de Avaliação acústica com ecointegração. Trata-se basicamente uma ultrassonografia aplicada na área de desova da sardinha. O professor explica que o equipamento acústico está instalado no casco do navio, a 2,5m abaixo da superfície e transmite som em alta freqüência diretamente em direção ao fundo. Qualquer objeto, vivo ou não, localizado na linha de transmissão, será detectado, mas não identificado. Para esta identificação, a equipe utiliza redes de pesca monitoradas também com ultrassom para coletar amostras.

Durante o cruzeiro, o Atlântico Sul se deslocará 3.000km cobrindo toda a área de ocorrência da sardinha, em particular a área de desova. O resultado final será um mapa de abundância da espécie com a estimativa do tamanho do estoque, além de uma descrição detalhada das características oceanográficas da região. A equipe que trabalha no cruzeiro Ecosar já tem considerável experiência, com cerca de 35.000 km de prospecções realizadas na costa do Brasil entre o Ceará e o extremo sul do território nacional (Chuí, RS).

PEIXE ESPECIAL A sardinha é considerada ecologicamente uma espécie-chave, ou seja, é base de alimento para várias outras espécies de peixes de maior porte, entre os quais os atuns, os quais predam fortemente sobre esta espécie.De forma incontrolavelmente desfavorável à sardinha, existe uma outra característica da pesca, que é o fato de que os barcos atuneiros que pecam com vara levam sardinha viva como isca. Para tal, são pescados milhões de pequenos exemplares, que servem para atrair os cardumes de atuns e mantê-los próximos dos barcos enquanto os pescadores os capturam com anzóis. Para cada 24 toneladas de atum capturado, estima-se que seja utilizada uma tonelada de isca (sardinha) viva. Considerando que cada atuneiro utiliza em média duas toneladas de isca por viagem e que estas iscas pesam em média 2,4g por indivíduo, estima-se a captura aproximada de 900 mil indivíduos por viagem, o que numa demanda de 800 ton/ano totalizaria 340 milhões de juvenis de sardinha por ano.

 

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