Em um mundo cada vez mais preocupado com questões ambientais, a inteligência artificial tem se destacado como uma ferramenta poderosa para impulsionar a pesquisa e a sustentabilidade. A startup Siapesq (Sistema de Inteligência Artificial em Pesquisa Ambiental) iniciou sua jornada desenvolvendo um sistema de inteligência artificial para a gestão da pesca.
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A Siapesq é liderada por seu fundador e diretor executivo Talles Lisboa, oceanógrafo oriundo da comunidade de pescadores da Marambaia e graduado na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), que viu no empreendedorismo a oportunidade de colocar no mercado uma solução para as dificuldades que observou ao longo de sua vida, formação e atuação como pesquisador embarcado junto ao setor da pesca. “Enquanto estava trabalhando no mar, eu descobri que tinha uma grande missão, que era ampliar os dados da pesca e dar subsídio aos pescadores, para que eles pudessem pescar de forma mais rentável, assertiva e sustentável”, afirma Talles, que teve seu trabalho iniciado dentro do Oceantec - Parque Científico e Tecnológico da FURG. Assim nasce o Siapreps, uma plataforma que permite localizar o pescado por satélite, salvar espécies protegidas como baleias, tartarugas e golfinhos e gerar relatórios de certificação da produção a partir do mapeamento das espécies no mar, usando inteligência artificial.
Com o desdobramento do trabalho da equipe, a empresa validou uma nova e importante tendência global de mercado. “Não é apenas o setor da pesca que necessita da revolução tecnológica para adequação à gestão socioambiental dos processos produtivos. Estamos em um momento significativo de transição econômica, alinhado a objetivos globais mais amplos de sustentabilidade já descritos pela ONU (ODS), assim como a necessidade de adequação de processos com base nos princípios Ambientais, Sociais e de Governança (ESG). Existe o consenso da governança internacional de que não apenas a resiliência ecológica do planeta Terra, como também a resiliência econômica do setor produtivo dependem de novos rumos para a maneira como o ser humano interage com o meio ambiente", complementa o fundador e diretor executivo da Siapesq. “Com isso, aumentamos nosso potencial de alcance ao adaptar nossa inteligência artificial e proposta de valor para o que chamamos de Gestão 6.0: Meio Ambiente no Centro da Gestão, e a inteligência artificial como ferramenta para garantir o máximo rendimento ecológico dos processos produtivos com base em parâmetros ambientais, sociais e de governança, suprindo os interesses multilaterais do setor governamental, produtivo, da pesquisa e sociedade civil”.
Como resultado do avanço na proposta de valor, a Siapesq foi premiada no Edital BlueRio e contratada pelo governo estadual do Rio de Janeiro para o desenvolvimento da plataforma BlueVision Tool, um software de inteligência artificial aplicada para monitoramento e gestão socioambiental da costa do estado. A Siapesq irá conciliar a utilização da zona costeira do Rio de Janeiro com a resiliência ecológica, enquanto abre novas perspectivas para a preservação do patrimônio cultural, social e ambiental do Brasil. A plataforma integrará dados ecológicos fundamentais na tomada de decisões da gestão pública, otimizando esses processos com base em parâmetros ambientais, sociais e de governança. Um dos impactos da plataforma é o subsídio à geração de políticas públicas ambientais, como aquelas direcionadas à preservação de comunidades costeiras tradicionais e espécies de animais como o mico-leão dourado, arara azul, capivaras e golfinhos. Este contrato é resultado de um processo seletivo, no qual mais de 300 empresas de 50 países propuseram soluções para os diversos desafios enfrentados pelo estado no âmbito do Programa de Economia Azul e Desenvolvimento Ecológico BlueRio.
Outro campo de atuação da Siapesq tem sido o monitoramento satelital de plantas aquáticas em usinas hidrelétricas, motivo de entupimento das estruturas geradoras de energia. Contratada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, a Siapesq tem desenvolvido a plataforma PhytoBloom Vision. “Este software representa um marco na gestão ecológica do Brasil. O uso de inteligência artificial permite o monitoramento preditivo de plantas aquáticas e possibilita uma abordagem proativa no manejo ambiental”, completa o fundador da Siapesq. Hoje a empresa está realizando a construção da plataforma contando com apoio de 18% do mercado total hidrelétrico do Brasil, junto a empresas como a Copel – Cooperativa Elétrica do Estado do Paraná, Cemig - Cooperativa Elétrica do Estado de Minas Gerais e Norte–SA, empresa responsável pela Usina de Belo Monte, maior usina hidrelétrica do Brasil. “O custo total da problemática das plantas aquáticas nas hidrelétricas ultrapassa os R$ 2,23 bilhões anuais, apenas no mercado brasileiro. Nossas estimativas apontam que, ao aplicar nossa IA de Pesquisa Ambiental para o máximo rendimento sustentável desses empreendimentos, podemos reverter mais de 90% desses prejuízos em lucro adicional para o setor”.
Com esta trajetória de desenvolvimento, a Siapesq vem se tornando referência no cenário de inovação e economia azul no Brasil, tendo sido premiada como startup com maior potencial de impacto social e ambiental do país no renomado programa do governo federal InovAtiva de Impacto Socioambiental, concorrendo com startups de todo o Brasil. "Todas estas conquistas que ocorreram ao fim do ano de 2023 refletem nosso foco incansável em estar direcionando os esforços da empresa para a construção de um futuro com base no propósito que compartilhamos, onde através da inovação trazemos as ferramentas para que o Brasil adote o desenvolvimento ecológico e sustentável do setor produtivo, alcançado o patamar de destaque internacional em sustentabilidade e governança social e ambiental", completa o empreendedor.