Uma cerimônia a ser realizada na manhã desta quarta-feira, 14, marcará a adição de um valioso item ao acervo do Complexo de Museus da FURG. Um sextante, instrumento utilizado para calcular o posicionamento global na navegação estimada, será doado em um ato simbólico marcado para as 11h, no prédio do Centro de Convívio Meninos do Mar (CCMar).
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O equipamento pertenceu ao célebre velejador russo Evgeny Gvozdev (foto). Engenheiro naval aposentado, ele partiu do Mar Cáspio a bordo do seu pequeno barco a vela de 12 pés, em maio de 1999, atravessando o Atlântico até chegar a Salvador/BA, 1 ano depois. O navegador faria a volta ao mundo por outras duas vezes, até ser encontrado sem vida, aos 74 anos, em sua embarcação à deriva na costa italiana em 2008.
Para o diretor do Complexo, o oceanógrafo e museólogo Lauro Barcellos, o ato da doação destaca mais uma vez a cidade do Rio Grande como ponto de referência da preservação da cultura náutica e oceanográfica. "Desde 1953 (ano de fundação do Museu Oceanográfico Professor Eliézer de Carvalho Rios), fazemos um trabalho muito dedicado ao resgate da história, de todas as manifestações e testemunhos da natureza oceânica, principalmente, e tudo o que gira em torno dessa realidade oceanográfica que é a matriz deste Complexo de Museus", relembra ele. "Gostaria de expressar um especial agradecimento ao velejador, ao homem que pensou nessa possibilidade de deixar o sextante aqui numa instituição que preserva a memória da natureza e das pessoas. São testemunhos importantes da vida de pessoas muito especiais, que buscaram viver na natureza oceânica, e isto é algo que engrandece muito a nossa história e o nosso acervo", completa o diretor.
O sextante ficará exposto no interior da exposição permanente de um dos museus do Complexo, o que dependerá do desejo do doador.
"Este equipamento orientou o maior navegador solitário que o mundo já viu. Nenhum outro exemplo humano foi capaz de realizar um feito tão gigantesco quanto esse homem", afirma o velejador Paulo Schmidt, que realizará a entrega da doação a pedido do amigo João Kogin.
Cálculos marítimos
O sextante é usado para medir a distância angular na vertical entre um astro e a linha do horizonte, a fim de calcular a posição e corrigir eventuais erros de navegação. O funcionamento é simples. Para medir um ângulo entre dois objetos, pega-se firme o instrumento e visa-se o horizonte através da luneta. Movendo a alidade (uma espécie de régua móvel), é preciso levar a imagem refletida do astro a coincidir com a imagem do horizonte visada diretamente. Se o astro visado é grande, como o sol ou a lua, a coincidência com o horizonte faz-se pela borda superior ou inferior do astro. O valor do ângulo medido é indicado no limbo do sextante.