Elas na feira - histórias de mulheres: Kelley Baptista Duarte

: por FURG; Publicado: 28/02/2018 00h00; Última modificação: 15/01/2019 11h50

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passaram pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Kelley Baptista Duarte

Eu sempre digo que o ser professora, para mim, é muito significativo, é a minha essência. Por mais que eu deixe de lecionar em algum momento, isso vai fazer parte de mim. É uma característica da minha construção enquanto pessoa e mulher. Eu sempre digo que eu sou professora, pois é inerente à minha pessoa. Desde muito cedo, muito pequena, eu já brincava com as minhas amigas de escrever em um quadro de giz, contando histórias, fazendo desenhos. E, naturalmente, me encaminhei para o magistério. Fiz magistério na escola Juvenal Miller. Já naquela época, por questões financeiras familiares – minha mãe é costureira e meu pai é restaurador de móveis e construtor civil – eles sempre tiveram essa instabilidade do dinheiro, com muitos altos e baixos. Muito nova fiz reforço escolar para os amiguinhos do meu irmão.

“Tudo aconteceu e não havia mais volta.”

Dois lugares que sempre me atraiam eram as escolas infantis e o asilo. Todas as minhas atividades de formação foram nesses espaços. E é interessante, já que hoje eu trabalho muito com as narrativas biográficas, histórias de vida. E quando falamos de histórias de vida, lá está a experiência. As experiências de vida. E são dois extremos lidar com crianças e idosos. Com a criança, tudo que se faz é uma influência, uma descoberta. Mas com o idoso, é a necessidade de contar a sua história, de compartilhar os seus sucessos e fracassos. Às vezes, as pessoas não dão atenção pra isso. Desde a formação em magistério, nunca parei de dar aula. Logo da formação em Letras, fiz a seleção do mestrado em História da Literatura e fui aprovada. No mesmo ano, ingressei como professora substituta de Francês. Tudo aconteceu e não havia mais volta. E a literatura... nunca abandonei esse amor. Eu fui filha de pessoas que não liam, vivi em uma casa que não tinha livros e eu descobri o livro na escola. Valorizei desde muito cedo.

Quando eu entro em sala de aula, sempre penso que ali eu vou encontrar pessoas com histórias parecidas com a minha ou até mais delicadas do que a minha. Pessoas que tiveram ou têm dificuldades e que precisam ser olhadas, despertadas, valorizadas. Isso é muito importante.

Foto: Karoline Avila

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