APL apresenta contra-argumentos para manutenção do polo naval

O Arranjo Produtivo Local do Polo Naval e de Energia de Rio Grande e Entorno (APL) realizou na manhã desta quarta-feira, 12, um encontro com associados, autoridades, imprensa e comunidade, para apresentar e discutir contra-argumentos à entrevista do presidente da Petrobras, Pedro Parente, que questionou a viabilidade do polo naval gaúcho. Afirmando que a contra-argumentação mantém todo o respeito possível à empresa petrolífera, que é associada ao APL, o diretor-presidente Danilo Giroldo mostrou argumentos técnicos para defender a continuidade da construção de plataformas em Rio Grande.

Ao destacar quatro pontos elencados por Pedro Parente como motivos para descartar o polo gaúcho, Giroldo apresentou os contrapontos para: atrasos da indústria naval local, perspectivas para a plataforma P71, Petrobras como instrumento de políticas públicas e responsabilidades da Petrobras. Participaram do encontro sindicalistas, empresários, entidades do setor naval e autoridades, entre elas o prefeito Alexandre Lindenmeyer e secretários.

ATRASOS

O presidente apresentou os atrasos ocorridos e seus motivos, entre os quais a demora na chegada dos cascos, problemas administrativos das empresas e mudanças de projetos por parte da Petrobras. Também mostrou atrasos ocorridos na indústria naval de outros países, levantados pelo sindicato que representa os estaleiros do Brasil, o Sinaval. Para Giroldo e a diretoria do APL, mesmo no início da curva de aprendizagem, o atraso não foi tão significativo em comparação com o que ocorre no exterior, mesmo considerando o padrão de segurança mais elevado da realidade brasileira. Ele chama a atenção para o desenvolvimento industrial proporcionado pelo conteúdo local, além dos benefícios socioeconômicos advindos da construção naval realizada no Brasil.

P71

Segundo o APL, a P71 tem 72,6% das estruturas prontas, 11.500 toneladas processadas e edificadas, 37.800 toneladas processadas e transformadas, prazo para conclusão de 16 meses e custos e prazos mais baixos que as cotações internacionais. Os prazos e custos apresentados pela indústria brasileira são menores que do mercado internacional e a preparação e lançamento do edital de construção da P-71 em Rio Grande configuraria uma ação de redução de danos para o Rio Grande do Sul. Para o presidente do APL, “esta não é uma questão local da Região Sul do RS. Há diversas indústrias de equipamentos em todo o Estado com severos prejuízos.”

Petrobras e políticas públicas

Giroldo lembrou os ganhadores do Nobel de Economia 2016, Joseph Stiglitz e Akbar Noman, segundo os quais, “amplamente entendida, a política industrial refere-se a medidas de políticas públicas que visam influenciar a alocação e a acumulação de recursos e a escolha de tecnologias”.

Todos os países desenvolvidos possuem políticas públicas para setores estratégicos da indústria, disse o presidente do APL, exemplificando a Noruega, Reino Unido, Holanda, França, Estados Unidos, Itália, China, Índia, Coréia do Sul, Japão, entre outros.

Ressaltou ainda o que diz a Constituição Brasileira sobre o papel das empresas estatais ou de economia mista: “quem afirma que a Petrobras não se caracteriza como Instrumento de Política Industrial desconhece sua finalidade e os inúmeros cases mundiais de sucesso.”

Responsabilidades

Apontar somente a Petrobras como vítima dos problemas que atingiram o Brasil como um todo e a indústria naval em particular, diz o APL, não condiz com a realidade. Para o APL, a troca de Direção não exime a Petrobras da responsabilidade com a sociedade e vitimizar somente a empresa é ignorar as demais vítimas deste processo: trabalhadores, fornecedores de bens e serviços, municípios, entre outros atores da sociedade.

Na contra-argumentação, o APL lembra que não houve, até o momento, qualquer ação de compensação ou redução de danos para as regiões afetadas e a solidariedade e a compatibilização de interesses da Petrobras e da sociedade expressadas pela Presidência da empresa não se materializaram em ações concretas.

Apresentação pública

A FURG TV, emissora de televisão da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), vai transmitir a íntegra da apresentação do Arranjo Produtivo Local. Serão divulgados nesse site os horários da programação. A FURG TV está nos canais a cabo NET (25) e Blue (7), além do site www.furgtv.furg.br.

 

Assunto: Arquivo